Monday, January 17, 2011

Cozinhar é um milagre da maternidade

Para quem me conhece, é difícil imaginar que hoje eu cozinhe. Eu sempre fugi da cozinha e me recusava a seguir receitas simples. E lá veio a Gigi para mudar os meus conceitos e me fazer encarar o fogão. 

Não que eu tenha me tornado um mestre-cuca, mas agora consigo fazer alguns pratos saborosos e apelo para a linha saudável embora nem eu nem a Gigi abrimos mão de um belo brigadeiro nem de uma bacia cheia de “popoca”.

Como trabalho fora, não consigo controlar totalmente a alimentação da Gigi. Na lancheira, sempre coloco três variedades de frutas para garantir a recomendação da nutricionista. A minha sorte é que Gigi se apaixonou pelas frutas logo que começou a experimentá-las aos seis meses (foto).

Entretanto, eu sei que não dá para fugir dos biscoitos e outras guloseimas, a solução é balancear. Em casa, dobro a oferta de legumes, verduras e frutas. Para isso, aprendi um macete: uso a água que cozinho a verdura para fazer o arroz ou o macarrão e, dessa forma, garanto os nutrientes mesmo que a Gigi rejeite o vegetal. Mas, em geral, ela gosta e traz muitas referências da gravidez como as cenourinhas cruas que não faltavam na minha bolsa.

Por outro lado, há muitas manias culturais. É curioso como as crianças nacidas aqui, ainda que filhas de pais imigrantes, desenvolvem o gosto pela salsicha, waffle e milkshake. Embora sejam alimentos comuns em vários países, esses itens fazem parte da refeição diária dos Estados Unidos que reconhecem que a população está cada vez mais obesa. 

No entanto, ainda não há indícios de mudanças no cardápio nem no tamanho das refeições populares. As escolas também recebem críticas duras por adotar a pizza no lugar do almoço completo.

Essa realidade contamina as famílias imigrantes que têm que estar vigilantes para o crescimento saudável dos filhos. E até existem grupos - como o Viver Bem (Live Well) da Universidade TUFTS em Boston - que querem dar uma mãozinha nessa missão e pesquisar o fenômeno . Os cientistas estudam a mudança dos hábitos alimentares em mulheres imigrantes que chegaram no país há menos de dez anos e os seus filhos.

Eu vou continuar sempre alerta e gosto de cuidar desses detalhes. E que me aguardem os chefs da culinária mundial. Amor de mãe é capaz até de transformar quem não sabe fritar um ovo em um expert dos sabores. Um dia eu chego lá.

Thursday, December 23, 2010

Presente de Natal

Já é o terceiro Natal que Gigi e eu passamos juntas. Conto desde aquele que ainda estava no meu ventre porque já sentia o seu amor. E eu só posso agradecer por tanta luz. Agradecer pelo sorriso maroto, o carinho de suas mãos no meu rosto e por me encher de orgulho. Agradecer por se tornar a minha razão de viver diante da tristeza e da distância.

Eu prometo, meu amor, que sempre vamos estar bem juntinhas. E tenho certeza disso porque é o que peço todas as noites ao Papai do Céu enquanto velo o seu sono:



Obrigada, Papai do Céu, pela Gigi que me faz tão feliz.

Obrigada por ter enviado esse anjo para mim.

Obrigada por esse presente tão caro.

Mas, Papai do Céu, não se esqueça de mim.

Me dê sabedoria para ensinar ao meu bebê o bom caminho.

Me dê forças para driblar as adversidades da vida e protegê-la sempre. 

Papai do Céu, a proteja também e não permita que ela sofra nunca.

Amém.



Feliz Natal!

Wednesday, December 8, 2010

Valsa Para Uma Menininha

Diante da correria de mãe imigrante, pego emprestada a poesia de Toquinho e Vinícius de Moraes para embalar o “Mamãe da Gigi”. E é uma ótima pedida para ninar a sua menininha. 
Fique assim, Gigi, sempre assim...

Menininha do meu coração
Eu só quero você a três palmos do chão.
Menininha não cresça mais não,
Fique pequenininha na minha canção.
Senhorinha levada, batendo palminha,
Fingindo assustada do bicho-papão.
Menininha, que graça é você,
Uma coisinha assim, começando a viver.
Fique assim, meu amor, sem crescer,
Porque o mundo é ruim, é ruim, e você
Vai sofrer de repente uma desilusão
Porque o mundo somente é seu bicho-papão.
Fique assim, fique assim, sempre assim
E se lembre de mim pelas coisas que eu dei.
E também não se esqueça de mim
Quando você souber, enfim,
De tudo que eu guardei.

Friday, November 19, 2010

Babá: uma escolha que exige cuidado

Em qualquer lugar do mundo, as mães que trabalham fora passam pelo dilema de ter que deixar os seus filhos aos cuidados de outras pessoas. Em Massachusetts, o socorro da vovó é raro e a saída é contratar uma babá que na maioria das vezes também é brasileira e já cuida de outras crianças que ficam por mais de sete horas na casa dela.

Embora uma creche ou escolinha (day care) seja a opção mais segura, já que é regulamentada pelo governo e atende a todas as exigências de segurança, raramente cabe no bolso dos pais. A diária custa, em média, US$75 enquanto que a babá brasileira varia entre US$25 e US$35 por dia.

Além disso, a babá brasileira soa mais maternal para mim. Quando Gigi tinha pouco mais de 1 ano fui visitar um day care e não tive coragem de deixá-la com pelo menos outros cinco bebês. 

A minha pequena tem babá desde os três meses e adorava a primeira que tinha um filho da mesma idade.

A Sueli dava conta dos dois bebês e não reclamava da minha ligação no meio do dia para saber se estava tudo bem. Mas seis meses depois, ela começou a cuidar de uma recém-nascida e eu a alertei de que a lei estadual dita que o número de bebês deve ser compatível ao de cuidadores. Ou seja, duas crianças que ainda não andam por adulto para que em caso de incêndio, por exemplo, haja a possibilidade de escapar com as crianças no colo.

Dias depois, uma criança brasileira morreu em consequência de uma queda na casa da babá brasileira. Ao invés de chamar a ambulância, a babá ligou para a mãe que não chegou a tempo de socorrer a filha. Com medo da justiça severa dos Estados Unidos, a babá fugiu para o Brasil. Na época, comentei o caso com a Sueli e sugeri que ela fizesse o curso de primeiros socorros, mas no dia seguinte ela me disse que não poderia cuidar mais da Gigi.

As minhas recomendações assustaram a babá e deveriam ser as exigências de todas as mães. Afinal, não podemos deixar os nossos filhos nas mãos de quem não tem capacidade para cuidá-los ou socorrê-los numa situação de emergência. A American Red Cross (www.bostonredcross.org) oferece esse tipo de treinamento e custa US$70, mas é em inglês e muitas babás brasileiras não são fluentes no idioma.

Outra coisa importante é verificar se as crianças estão fazendo atividades durante o tempo que passam na babá ou se ficam o dia inteiro em frente à televisão. O serviço da babá não é “olhar” a criança e sim cuidar. Isso envolve contribuir para o aprendizado e para a socialização do pequeno. A alimentação também requer supervisão, nada de comer cookies e doces o dia inteiro.

Por isso, antes de contratar uma babá, verifique as referências e faça uma conversa-entrevista. Depois fique em vigilância constante: chegue de surpresa de vez em quando para buscar a criança e converse sempre com o seu filho. Se ele ainda for pequenininho, como a Gigi, preste atenção no comportamento.

Essa semana, por exemplo, a minha pequena não queria voltar para casa. Embora eu tenha ficado com um pouco de ciúmes, acho que foi a maneira que Gigi encontrou de substiuir as palavras para dizer : “Mamãe, fique tranquila. Eu estou bem com a tia Regiane e brincando com os meus amigos”.

Wednesday, November 10, 2010

Atitude dos pais influencia comportamento dos filhos, afirmam especialistas

Eu fico encantada com cada gesto da Gigi, coisa de mãe coruja. Mas eu fico mais encantada por ver a minha pequena repetindo os meus gestos. Ela cruza os braços e as pernas como eu, dá risada escondendo a boca como eu e até fala o meu “ai, ai, ai” diante de uma situação engraçada. Ah, e também fala alto quando está brava, como eu.

Mas as minhas observações, embora com uma pitada bem grande de orgulho, confirmam a opinião da psicóloga Márcia Regina Ferro. Ela ressalta que as atitudes do dia-a-dia dos pais são mais importantes do que os conselhos. “As crianças são muito observadoras, tanto que as atitudes dos pais vão ter maior efeito do que as palavras”.

Isso significa que o comportamento da criança na sociedade reflete o que ela vive em casa. 

Segundo Carlos Zuma, secretário executivo do Instituto Noos (Instituto de Pesquisas Sistêmicas e Desenvolvimento de Redes Sociais), os castigos físicos humilham a criança e o adolescente de uma forma que os afeta para sempre. "Quando está apanhando, o filho pensa que os pais não gostam dele. E mais: ele reproduz a violência com amigos e irmãos", afirma o representante do Instituto com sede no Rio de Janeiro.

A afirmação de Zuma pode explicar o comportamento de uma menina em uma festa de aniversário que levei Gigi há dois meses. Durante a festa toda, Gigi fugiu dos apertões de bochecha e empurrões da garotinha que deve ser uns oito meses mais velha do que a minha filha. Em uma dessas investidas, a mãe da menina repreendeu a garota aos gritos e com o chinelo na mão.

Para o psicólogo Jorge Rocha, bater traz consequências em vários aspectos do desenvolvimento da criança. “Até com relação à sua autoestima. Ela se sente degradada, se sente com menos valia, se sente temerosa, porque ela não está sendo ensinada com relação a nada. Na verdade, ela acaba não fazendo determinadas coisas por medo”.

Os pais também são referência de valores sociais. As crianças tendem a repetir o que ouvem em casa. Ou seja, se ouvem um comentário racista, vão discriminar o amigo negro da escola ainda que não entendam o motivo de fazer aquilo.

Para os pais fica a dica: sejam bons exemplos para estimular cidadãos bem melhores do que os que convivem conosco hoje.

Sunday, November 7, 2010

Aleitamento materno depois dos seis meses é uma opção saudável

Gigi completa 1 ano e sete meses hoje e continua mamando no peito. Quando conto isso, as reações se dividem entre uma torcida de nariz e elogios a minha “perseverança”, mas especialistas garantem que mãe e filho sabem a hora que devem parar o aleitamento materno. Então, sigo o meu instinto e permaneço nessa troca de carinhos indescritível.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o aleitamento materno deve ser exclusivo até os seis meses. Depois disso, outros alimentos são introduzidos e a amamentação mantida até, pelo menos, dois anos de idade. Para as mães que acham que não vão produzir leite por tanto tempo, vale lembrar que uma boa alimentação e bastante líquido ajudam a produção que é estimulada pela sucção durante a mamada.

Embora seja um momento mágico, não é uma tarefa fácil para quem trabalha fora. 

Enquanto que no Brasil as mães têm direito de até seis meses de licença-maternidade, em Massachusetts, nos Estados Unidos, a mulher pode ficar até oito semanas afastada do trabalho, mas deixa de ganhar o salário nesse período. Os empregadores, por sua vez, têm a liberdade de criar suas próprias regras e garantir o pagamento das suas funcionárias. 

Em tempo: A lei estadual se aplica a companhias de até seis funcionários enquanto que empresas maiores seguem a regra federal que dita 12 semanas de afastamento não remunerado.

Eu voltei ao trabalho depois de três semanas e entre uma tarefa e outra parava para tirar o leite que Gigi iria mamar no dia seguinte. Aquela bombinha não é nada confortável, mas vale a pena. Dados da Sociedade Brasileira de Pediatria apontam que a amamentação regular, por seis meses, reduz 17 vezes as chances de a criança contrair pneumonia, 5,4 vezes a possibilidade de anemia e 2,5 vezes a ameaça de crises de diarréia.

Hoje, Gigi mama leite de amêndoas – ela tem intolerância à lactose - quando está longe de mim e eu não preciso mais usar a bombinha. Por outro lado, ela continua acordando durante a noite para mamar e muitos dizem que é por que ainda a amamento. No entanto, há alguns dias ouvi uma mãe dizer que o seu filho, da mesma idade da Gigi, acorda de duas em duas horas para tomar o leite na mamadeira.

Ainda que os momentos de cansaço me façam pensar que no dia seguinte vou parar de amamentá-la, o carinho da mãozinha da minha pequena me faz desistir.

Ah, não há carinho mais gostoso. E sigo adiante. Nós saberemos a hora certa de parar.

Entre, a casa é sua

Finalmente encontrei um meio para unir o útil ao agradável. Jornalismo foi uma escolha e ser mãe era o meu destino. Giovana, a minha Gigi, iluminou a minha vida, mas me trouxe mil aflições. Eu quero acertar sempre, mesmo quando erro.

Através do “Mamãe da Gigi” vou dividir com você as minhas experiências e pesquisas como mãe de primeira viagem num país estrangeiro. Longe da família, a missão da maternidade é um desafio ainda maior. 

Sem poder recorrer à vovó o tempo todo, a internet acaba se tornando uma aliada para encontrar, em português, respostas rápidas para as dezenas de perguntas que aparecem todos os dias e não escolhem hora.

A Gigi é a inspiração. Ela completa 1, 7 ano hoje, mas vou relembrar situações desde o nascimento da minha pequena.

O conteúdo se baseia em opiniões de especialistas e na sensibilidade que só as mães têm.

A entrada é liberada. Não precisa ter filho para visitar o “Mamãe da Gigi”. Se bem, que há o grande risco de dar aquela “vontadezinha”….