Eu fico encantada com cada gesto da Gigi, coisa de mãe coruja. Mas eu fico mais encantada por ver a minha pequena repetindo os meus gestos. Ela cruza os braços e as pernas como eu, dá risada escondendo a boca como eu e até fala o meu “ai, ai, ai” diante de uma situação engraçada. Ah, e também fala alto quando está brava, como eu.
Mas as minhas observações, embora com uma pitada bem grande de orgulho, confirmam a opinião da psicóloga Márcia Regina Ferro. Ela ressalta que as atitudes do dia-a-dia dos pais são mais importantes do que os conselhos. “As crianças são muito observadoras, tanto que as atitudes dos pais vão ter maior efeito do que as palavras”.
Isso significa que o comportamento da criança na sociedade reflete o que ela vive em casa.
Segundo Carlos Zuma, secretário executivo do Instituto Noos (Instituto de Pesquisas Sistêmicas e Desenvolvimento de Redes Sociais), os castigos físicos humilham a criança e o adolescente de uma forma que os afeta para sempre. "Quando está apanhando, o filho pensa que os pais não gostam dele. E mais: ele reproduz a violência com amigos e irmãos", afirma o representante do Instituto com sede no Rio de Janeiro.
A afirmação de Zuma pode explicar o comportamento de uma menina em uma festa de aniversário que levei Gigi há dois meses. Durante a festa toda, Gigi fugiu dos apertões de bochecha e empurrões da garotinha que deve ser uns oito meses mais velha do que a minha filha. Em uma dessas investidas, a mãe da menina repreendeu a garota aos gritos e com o chinelo na mão.
Para o psicólogo Jorge Rocha, bater traz consequências em vários aspectos do desenvolvimento da criança. “Até com relação à sua autoestima. Ela se sente degradada, se sente com menos valia, se sente temerosa, porque ela não está sendo ensinada com relação a nada. Na verdade, ela acaba não fazendo determinadas coisas por medo”.
Os pais também são referência de valores sociais. As crianças tendem a repetir o que ouvem em casa. Ou seja, se ouvem um comentário racista, vão discriminar o amigo negro da escola ainda que não entendam o motivo de fazer aquilo.
Para os pais fica a dica: sejam bons exemplos para estimular cidadãos bem melhores do que os que convivem conosco hoje.
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