Friday, November 19, 2010

Babá: uma escolha que exige cuidado

Em qualquer lugar do mundo, as mães que trabalham fora passam pelo dilema de ter que deixar os seus filhos aos cuidados de outras pessoas. Em Massachusetts, o socorro da vovó é raro e a saída é contratar uma babá que na maioria das vezes também é brasileira e já cuida de outras crianças que ficam por mais de sete horas na casa dela.

Embora uma creche ou escolinha (day care) seja a opção mais segura, já que é regulamentada pelo governo e atende a todas as exigências de segurança, raramente cabe no bolso dos pais. A diária custa, em média, US$75 enquanto que a babá brasileira varia entre US$25 e US$35 por dia.

Além disso, a babá brasileira soa mais maternal para mim. Quando Gigi tinha pouco mais de 1 ano fui visitar um day care e não tive coragem de deixá-la com pelo menos outros cinco bebês. 

A minha pequena tem babá desde os três meses e adorava a primeira que tinha um filho da mesma idade.

A Sueli dava conta dos dois bebês e não reclamava da minha ligação no meio do dia para saber se estava tudo bem. Mas seis meses depois, ela começou a cuidar de uma recém-nascida e eu a alertei de que a lei estadual dita que o número de bebês deve ser compatível ao de cuidadores. Ou seja, duas crianças que ainda não andam por adulto para que em caso de incêndio, por exemplo, haja a possibilidade de escapar com as crianças no colo.

Dias depois, uma criança brasileira morreu em consequência de uma queda na casa da babá brasileira. Ao invés de chamar a ambulância, a babá ligou para a mãe que não chegou a tempo de socorrer a filha. Com medo da justiça severa dos Estados Unidos, a babá fugiu para o Brasil. Na época, comentei o caso com a Sueli e sugeri que ela fizesse o curso de primeiros socorros, mas no dia seguinte ela me disse que não poderia cuidar mais da Gigi.

As minhas recomendações assustaram a babá e deveriam ser as exigências de todas as mães. Afinal, não podemos deixar os nossos filhos nas mãos de quem não tem capacidade para cuidá-los ou socorrê-los numa situação de emergência. A American Red Cross (www.bostonredcross.org) oferece esse tipo de treinamento e custa US$70, mas é em inglês e muitas babás brasileiras não são fluentes no idioma.

Outra coisa importante é verificar se as crianças estão fazendo atividades durante o tempo que passam na babá ou se ficam o dia inteiro em frente à televisão. O serviço da babá não é “olhar” a criança e sim cuidar. Isso envolve contribuir para o aprendizado e para a socialização do pequeno. A alimentação também requer supervisão, nada de comer cookies e doces o dia inteiro.

Por isso, antes de contratar uma babá, verifique as referências e faça uma conversa-entrevista. Depois fique em vigilância constante: chegue de surpresa de vez em quando para buscar a criança e converse sempre com o seu filho. Se ele ainda for pequenininho, como a Gigi, preste atenção no comportamento.

Essa semana, por exemplo, a minha pequena não queria voltar para casa. Embora eu tenha ficado com um pouco de ciúmes, acho que foi a maneira que Gigi encontrou de substiuir as palavras para dizer : “Mamãe, fique tranquila. Eu estou bem com a tia Regiane e brincando com os meus amigos”.

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