Wednesday, February 27, 2019

Governo proíbe menores de 13 anos de postar vídeos no Tik Tok

Gigi adora assistir e gravar vídeos no TikTok. Hoje, quando chegou da escola, e como é de costume, não demorou muito para pegar o celular para “brincar” no aplicativo, mas teve uma surpresa. As publicações desapareceram.

E isso não aconteceu só com ela. Todas as publicações de crianças foram excluídas após uma exigência da Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC, na sigla em inglês) que encontrou evidências de que o aplicativo chinês viola leis de privacidade de crianças do país americano.

A partir desta quarta-feira, 27, todos os usuários do TikTok têm que verificar sua idade no aplicativo e menores de 13 anos são direcionados para uma plataforma diferente, mais restritiva, que tem maior proteção de dados pessoais e não permite que as crianças publiquem vídeos no aplicativo. Isso significa que elas só podem curtir os conteúdos e seguirem usuários.

O aplicativo chinês também foi multado em US$ 5,7 milhões por ter coletado dados sensíveis de menores de 13 anos, como e-mail e localização, sem o consentimento dos pais, o que é proibido pela lei americana.

Segundo o órgão federal, o processo começou desde a época do Musical.ly, que foi encerrado em 2018 e a base de usuários dele foi transferida para o TikTok, e já violava a legislação de privacidade de crianças.

Para se inscrever no app, é necessário um endereço de e-mail, número de telefone, nome e sobrenome, uma pequena biografia e uma foto de perfil, informações que podem ser vistas por outros usuários da plataforma.

Além disso, até outubro de 2016 o Musical.ly (TikTok) usava dados de geolocalização para sugerir aos usuários perfis próximos a eles e as autoridades afirmam que os adultos usavam o aplicativo para falar com crianças.

O combinado aqui em casa era sempre me mostrar os vídeos antes de postar e assegurar que não houvesse qualquer indício da localização, como o nome da rua, por exemplo. Mas hoje vi que isso não era suficiente.

Agora, Gigi vai ter que esperar  três anos e dois meses. Para ela parece uma eternidade. Para mim, é rápido demais.

Curiosidade: O Tik Tok foi o quarto aplicativo fora da categoria de jogo mais baixado em 2018, ficando atrás apenas do WhatsApp, do Facebook Messenger e do Facebook. De acordo com a pesquisa, o aplicativo chinês teve um bilhão de downloads em 2018, 663 milhões só no ano passado.

Sunday, February 24, 2019

Descobri o porquê eu tinha que aprender matemática


Matemática sempre foi um terror para mim. Não foi por acaso escolhi a área de humanas depois de um vestibular vocacional que pouco precisava fazer contas. 

Passei para a faculdade de Jornalismo com o alívio de que nunca mais precisaria encarar aquelas regras cheias de letras e números. Dali para frente, cálculos básicos, no máximo, porcentagem, iriam ser os meus desafios.

Mas isso era só mais uma conta mal feita. Esqueci de contabilizar que para realizar o meu maior desejo teria que ter várias facetas e fazer muitas coisas de novo, até aquelas que nunca gostei.

A matemática é uma delas.

Como mãe, sou um pouco professora da Gigi. Mas em muitos momentos sou apenas colega de aprendizagem.

Nos Estados Unidos a matemática é diferente. E lembra aquela máxima da matéria que a ordem dos fatores não altera o produto? Não cola com a Gigi.

Eu tento explicar álgebra do meu jeito. E logo vem a reclamação: “Não foi assim que a professora ensinou”.

Questiono como ela explicou. E segue a resposta: “Não entendi”.

Problema armado, recorremos às aulas de matemática disponíveis no Youtube para a quarta série.

Assistimos juntas. Parece complicado. Mais uma vez. Procuramos outro vídeo. Facilitou.

Voltamos para o exercício. Lemos em voz alta. Gigi se distrai com o meu sotaque. Troco a leitura para o português. Chegamos ao resultado.

Próximo exercício. Agora ficou mais fácil.

Tarefa cumprida. Até a próxima lição.

Monday, November 26, 2018

Você já foi quantas hoje?

Dia desses parei para pensar quantas profissões acumulo ao longo do dia.

De manhã bem cedo começo a edição do Portal BM News. Primeiras notícias postadas, chega a hora do Conexão América, quadro que apresento no Bom Dia Manchete, da Rádio Manchete USA, às 7h20. Claro que a participação é por telefone porque ainda não desenvolvi o poder da teletransportação e o estúdio é longe.

As atividades de jornalista são interrompidas para a jornada de mãe. Por 40 minutos, sou merendeira, cabeleireira e motorista. Uma correria.

De volta ao trabalho “normal”, tenho seis horas para apurar e escrever mais matérias, produzir o programa de tv e finalizar outros compromissos.

Pronto. Hora de voltar ao trabalho de motorista. E quando pego a minha passageira, encaro a aventura de ser professora. É fato que quase sempre tenho que recorrer ao YouTube. Não sei porque ensinam a matemática ao contrário aqui. Tenho que reaprender a matéria em que sempre me dei mal.

No mesmo dia sou cozinheira, lavadeira e arrumadeira.

Ah, também dou plantão como psicóloga e sofro tanto com os problemas da minha paciente que quase acabo no divã.

Volto a ser jornalista. Muitas vezes Gigi tem que me acompanhar. Aliás, ela é uma ótima companheira.

Arrumo um tempo para ser manicure.

E ainda posso ser enfermeira tanto de criança como de bicho. Só não consigo ser médica nem veterinária. Os diagnósticos ficam por conta do Beto que é bom nisso por sinal.

Às vezes eu sou de tudo um pouco ao mesmo tempo. Em outras não dou conta.

Tuesday, September 11, 2018

A gente precisa falar do September Eleven

Hoje o clima está pesado. A TV não para de passar as imagens dos atentados de 11 de setembro de 2001, quando dois aviões atingiram as Torres Gêmeas, em Nova York, e por pouco outro não acertou o Pentágono, em Washington. Foram 3 mil mortos e um marco na história dos Estados Unidos.

O tema é daqueles que você não quer que o seu filho veja. Dá vontade de tapar os olhos da Gigi para ela não saber que existe tanta maldade, mas eu sei que o assunto vai ser tratado na escola e eu não quero que ela seja pega de supetão. Então (re) contei o que aconteceu há 17 anos.

E não deu outra. Na volta para casa, Gigi me contou que assistiu um documentário sobre o ataque terrorista e questionou se eu sabia que os homens maus eram mulçumanos.

“Eu sei, Gigi”, respondi. E ao olhar a carinha dela pelo retrovisor percebi que prescisava dar uma resposta mais longa.

“Mas você sabe que a grande maioria dos mulçumanos são pessoas muito boas. É uma religião que prega o amor. Gente má e boa existe em todo lugar, inclusive na igreja que a gente frequenta, em qualquer religião”.

Embora ela tenha balançado a cabeça concordando, a questão do mulçumano ainda a incomodava. “Eles usam aquele pano na cabeça, tem barba grande”, observou.

“Mas nem todo mundo que usa pano na cabeça e tem barba grande é mau. Essas pessoas também sofreram na época porque todo mundo tinha medo delas. Você tem coleguinhas mulçumanos e você gosta muito deles, não é?”, acrescentei.

Ela continuou pensando.

Eu sei que esse e tantos episódios da história dos EUA são polêmicos e o currículo da escola segue a linha do patriotismo. Eu prefiro sempre conversar com a Gigi, discutir de uma maneira leve e preservar uma mente aberta.

Porque temo o terrorismo, mas também tenho pavor de preconceito e discriminação.

Saturday, August 11, 2018

Amamentação sem script

Nos últimos dias sempre que abro uma publicação ou rede social me deparo com alguém falando sobre amamentação. Tudo isso, claro, porque desde 1992 o mundo celebra esse tema na primeira semana de agosto e ano passado o Brasil instituiu o Mês Dourado, tempo de lembrar a importância do aleitamento materno.

Eu poderia listar uma série de benefícios de amamentar exclusivamente o bebê até os seis meses e como complemento até os dois anos de idade. Tudo isso é cientificamente comprovado, mas o corpo de cada mãe é peculiar, cada uma sabe o seu limite e nem tudo é dourado.

E quero falar sobre isso. Em uma dessas leituras, uma amiga reclama da sua frustração diante de tantos depoimentos cor-de-rosa. Ela sofreu, o leite empedrou, sentiu dor e a amamentação não seguiu tão longe.

Muitas mães passam por isso. São histórias bem reais e cada uma tem a sua, sem script.

A minha história foi cheia de altos e baixos, bem diferente de um conto de fadas. Eu mal sabia pegar a Gigi no colo, esqueceram de mandar o manual de uso junto com o bebê.

No nosso primeiro contato, os meus seios não tinham o bico formado ainda que eu tivesse feito todas as massagens que me recomendaram. O meu corpo simplesmente não respondeu.



Eu tentava, ela tentava e a boquinha escorregava. Com fome, sempre faminta, Gigi não tinha paciência e eu ficava desesperada.

Foi assim que conheci o bico de silicone. Muita gente falou para eu não usar porque Gigi não se adaptaria mais apenas ao peito.

Mas não foi assim conosco. Aos poucos, o bico do meu seio foi se transformando e dispensei a silicone, numa transição tranquila para a Gigi e sem dores para mim.

Para a nossa sorte, eu tinha muito leite. E quando Gigi estava comigo, a hora de mamar era quando o meu peito enchia, ainda que as tais três horas não tivessem passado.

E, sim, com todas as contra-indicações, ela dormia na cama comigo e mamava a noite inteira. 

As críticas entravam por um ouvido e saíam pelo outro. Eu sabia do meu limite. De que teria que acordar cedo e sair para trabalhar no dia seguinte. 

O meu corpo precisava daquelas horas de sono que muitas mães podem dispensar para sentar na cadeira enquanto amamentam, esperar o tempo do bebê voltar a dormir e ir para a cama.

Para mim, isso definitivamente não funcionava.

Voltei para o trabalho depois de três semanas do nascimento da Gigi. Aqui nos Estados Unidos se você é mãe que trabalha fora tem duas opções: ou tira férias não remuneradas para cuidar do bebê sem garantia de ter o emprego de volta ou retorna ao trabalho – depois de duas semanas - e coloca o seu filho aos cuidados de outra pessoa.

Eu tive que fazer a segunda escolha. E olha que a organização para a qual eu trabalhava foi boa e me pagou por duas semanas afastada. A terceira foi por minha conta. Mas isso é assunto para outra hora.

Eu passei a deixar a Gigi com a babá (já contei esse episódio aqui) e durante o dia tirava o leite com uma maquininha elétrica portátil que eu carregava por onde eu fosse sem o meu bebê. Eram de três a cinco mamadeiras garantidas para o dia seguinte da minha bezerrinha. Como mamava essa menina!

E esse foi outro mito que tive que superar. Se ela mamar na mamadeira, não vai voltar para o peito. Mentira. Ou pelo menos conosco não foi assim.

Gigi mamava o dia inteiro o meu leite na mamadeira e quando eu chegava para buscá-la na babá, ela pedia e eu a amamentava antes de sair. Os olhinhos reviravam toda vez que ela encostava a boquinha no meu seio. E como eu gostava daquela sensação e da mãozinha no meu coração.


Aliás, esse é outro ponto. Nunca tive vergonha de amamentar em público. Com toda a discrição, alimentava a minha filha até quando ela ia para o trabalho comigo. Durante reuniões, lá estava eu amamentando, às vezes andando pra lá e pra cá. Claro que, mais uma vez, tive sorte de estar trabalhando para uma ONG de mulheres e sobre isso todas nós nos entendemos muito bem.

E durante esse vulcão de emoções, que é o início da maternidade,  há ainda o fantasma da questão estética. Não, o meu peito não caiu. Pelo contrário, a amamentação foi a dieta mais eficaz da minha vida. Fiquei magrinha e com os seios fartos.

O espanto veio mesmo quando parei de amamentar (reveja aqui) depois de quase dois anos. Me olhei no espelho e tive a sensação de ter retornado à adolescência a tal ponto de reduzir o número do sutiã. Confesso que ri para não chorar.

Mas foi por pouco tempo. Em semanas, os seios voltaram ao normal e eu consegui manter o equilíbrio na balança.

Enfim, essa foi só a minha experiência, bem diferente de um conto de fadas. Apenas mais um capítulo da história real da Mamãe da Gigi.

Sunday, July 15, 2018

Mamãe da Gigi: especialista do seu próprio tempo mesmo que não sobre nunca


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Hoje em dia há especialista para qualquer coisa. Mas de tudo que já li e vi, nada me convenceu de como uma mãe pode ganhar tempo.

O dia pode ter 48 horas e eu vou para cama com uma lista de coisas que deixei de fazer ou ainda não terminei. Acumulou para manhã.

Além disso, todo mundo sabe que eu sou Mamãe da Gigi, mas também tenho outros "filhos do coração". Durante as férias, a casa fica cheia. Agora é uma menina de 9 anos e dois meninos, de 14 e 18 anos. Além da Evie, a nossa gatinha.

O trabalho aumenta e o tempo falta mais ainda. Mas, por outro lado, a casa tem mais vida e há mais motivos para passear e dar risadas.

Também tem mais roupas para lavar, comida para fazer e bagunça para arrumar. Sem dizer das brigas para apartar, claro.

Já o trabalho, fora do lar, continua intenso e com prazos para cumprir.

Ah, e tem que arrumar uma hora para falar com a mãe da gente também. Como ela faz falta por aqui, essa sim uma doutora em gerenciar o tempo.

E como esquecer daqueles minutinhos para mim? Eu não sou de ferro.

Mas nessa rotina - sem rotina - não tem expert que dê jeito. Só a gente mesmo.

E sabe o que é mais incrível? Dá tempo!

Eu continuo deixando um monte de coisas para amanhã, mas descubro que consigo fazer muito mais coisas hoje do que fazia ontem. A gente encaixa uma coisa aqui e outra ali. Faz duas ou três ao mesmo tempo. E pronto.

Já a receita do especialista eu guardo no bolso porque as dicas tão óbvias simplesmente aqui em casa não funcionam.

Sunday, June 17, 2018

2, 3 ou mais porque celebrar o amor nunca é demais

Aqui em casa tem Dia dos Pais oficialmente duas vezes ao ano. Isso porque a data nos Estados Unidos é celebrada no terceiro domingo de junho, o que nos leva a comemorar hoje e em agosto, como no Brasil.

É bem verdade que essas datas ganham um ar comercial e que muitas famílias não se encaixam na estrutura familiar tradicional. Logo, quem tem duas mães ou nunca conheceu o pai, por exemplo, não vê o que comemorar. 

Mas olhe para o lado. A mãe ou a tia também pode ser reverenciada com uma figura paternal. E a gente aproveita e celebra o amor que tem que ser vivido todos os dias da forma mais bonita.

Nos EUA, o Dia dos Pais passou a fazer parte do calendário nacional em 1910 graças à Sonora Louise Smart Dodd que queria homenagear o seu pai que criou seis filhos sozinho depois da morte da mulher. 

E é o significado do início do século XX que temos que resgatar. Tem que haver mais sentimento do que presente ainda que o presente também mostre sentimento. 

Mas há coisas que não têm preço. Os cartões feitos à mão para encher aquela caixa que já está transbordando de desenhos, o abraço apertado e o café da manhã caprichado, com direito a bolo de banana, o preferido do papai. 

Nos Dias dos Pais, no plural mesmo, eu passo o dia, e até a véspera, sendo a ajudante da Gigi. Ela quer fazer o pai se sentir especial e até me pede desculpas porque não teve tantas ideias no Dia das Mães. Tudo bem Gigi, eu gostou de ver o amor que tem pelo seu pai.

Dessa vez, a gente ficou em casa. Tem jogo do Brasil na Copa do Mundo e papai adora futebol. Coitado, já está sofrendo muito com o time do coração, o Fluminense não anda nada bem. Até o Abelão desisitu do timeco. 

E se a seleção também não dá tanta alegria, Gigi traz mais que inspiração. Ela curte o gol do Brasil enquanto faz comentários durante toda a partida, como essa moça entende de futebol. Vai Brasil! Afinal o coração nem fica dividido já que dessa vez os EUA nem na Copa estão. 

Mas se o Brasil não ganhar, ela só não quer ver o pai triste. Porque ela torce mesmo é para ele ser feliz.

E abusa da tecnologia para deixar o mundo saber que o pai é o melhor do mundo. Até o meu Facebook eu tenho que emprestar  para ela homenageá-lo. 

É bonito de ver esse amor. Me lembro do meu pai que mesmo sendo imperfeito era ideal para mim. 

E o Beto é assim, o Papai da Gigi. Ela quer ser parecida com ele e não se cansa de repetir que tem o DNA do pai a cada ideia brilhante que surge. 

Sem dizer que ela já nasceu conversando com o Beto. Não sei o que tanto ela falou para ele, mas olhava no fundo dos seus olhos e dizia em uma 'língua' que talvez só os corações dos dois entendessem.

Depois de nove anos, porém, a menininha está crescendo e jura que não vai sair de casa para sempre cuidar do pai. Não quer ir para uma universidade longe, muito menos se casar. Gigi quer cuidar do pai. 

Mas isso a gente vai ter que esperar para ver. Por enquanto vamos preparando o  próximo Dia dos Pais, a versão brasileira, que acontece em dois meses, sem esquecer de cultivar o amor todo os dias. Happy Father's Day!