Wednesday, March 6, 2013

Na casa da Gigi a bagunça está liberada

Eu estava aqui lendo quando levantei os olhos para espiar a Gigi e me deparei com a sala “de pernas para o ar”. Aliás, isso virou rotina aqui em casa. Gigi tira tudo do lugar para transformar o cômodo em casinha, loja, escola, restaurante e até salão de beleza.

Claro que reclamo, mas essa bagunça toda é vital para o desenvolvimento da criança. De acordo com a psicóloga e psicoterapeuta infantil, Margot Sunderland, autora do livro The Science of Parenting, a brincadeira é a principal forma de desenvolvimento da curiosidade, da motivação e do impulso exploratório das crianças.

Margot observa que as  experiências interessantes ajudam a ativar energicamente o “sistema de busca” que  dá base à capacidade criativa. E para estimular a criatividade nem é preciso gastar dinheiro. Ao contrário, a psicóloga afirma que é muito bom a criança “transformar” um objeto em diversas coisas porque amplia o ‘espírito inventivo’. Aqui em casa, por exemplo, uma hora a cadeira é a geladeira, outra a vitrine. Enquanto que a forma redonda de bolo vira o volante do carro. E por aí vai …

Gigi vira até uma boneca na caixa para a mamãe comprar
Às vezes, pode ser necessário que os pais ajudem a começar a brincadeira. “Mas depois que ensinar como brincar com novos objetos, o sistema de busca será ativado e é preciso deixar que a criança explore sozinha o caminho”, orienta a especialista.

Para Margot, o estímulo do sistema de busca de uma criança em idade pré-escolar sedimenta uma importante habilidade de exploração, dedicação, curiosidade e fé em si mesmo. “E é assim que se criam o amor pelo conhecimento e a vontade de aprender,” garante.

Então, quando Gigi diz  “tive uma boa ideia” o jeito é deixá-la à vontade para extravasar a imaginação. E num país onde é frio a maior parte do ano a bagunça tem que rolar dentro de casa mesmo. Afinal, depois tem o clean up, mas essa já é outra história.

Sunday, February 24, 2013

Uma americana que [quase] só fala português

Gigi é uma tagarela. Embora seja tímida, quando ganha confiança passa a conversar igual gente grande com qualquer pessoa desde que seja em português.  Trivial se não fosse o fato de que moramos nos Estados Unidos.

A filha de brasileiros passou alguns meses no Brasil onde ampliou muito o vocabulário em português, enquanto que o em inglês encolheu demais. Agora, de volta para casa,  a minha americana está sentindo falta de saber falar o próprio idioma. 

Quando estamos nos preparando para sair de casa, por exemplo, Gigi sempre pergunta se onde vamos fala-se “português igual a gente ou de línguas (como ela se refere ao inglês)”. Quando respondo português, ela se mostra muito mais confortável.

Por outro lado, ela tem vontade de falar inglês e “ser igual aos outros”. Num ambiente mais americano, ela cochicha no meu ouvido que “temos que falar de línguas porque aqui todo mundo fala assim”. Gigi começa, então, a emitir um monte de sons que seria o inglês, misturando com as palavras que ela já conhece no idioma.

Os profissionais da área garantem que conviver com mais de um idioma desde cedo é instintivo e benéfico porque aumenta o número de conexões cerebrais na região responsável pela linguagem, ajudando a criatividade e o raciocínio, além da criança expandir a cultura e o intelecto.

“Existem diferentes caminhos para que uma criança seja bilíngue. Investigações mostram que é preferível desenvolver bilinguismo em crianças menores porque é uma forma natural para aprender dois idiomas ao mesmo tempo,”  defende o especialista em educação bilíngue e professor da Universidade de Gales, Colin Baker.

Enquanto isso, Gigi se diverte em ser uma americana-brasileira 
Em casa, sempre seguimos essa linha e só conversamos em português. O desenvolvimento do inglês da Gigi fica por conta dos cartoons e dos amigos que falam o idioma. 

Mas depois da temporada no Brasil,  minha preocupação em saber como lidar com a filha bilíngue aumentou. E o processo de aprendizagem já não me parece tão natural assim.

Antes, Gigi falava um pouco das duas línguas e, às vezes, mesclava os idiomas na mesma frase, mas sabia diferenciar o português do inglês. Num ritmo bem mais lento, ela está retomando a rotina. 

Para especialistas, isso é absolutamente normal e não significa que um idioma é mais fácil do que o outro. “Isso acontece por não terem encontrado a tradução exata para o que querem dizer. Com o tempo isso passa”, explica a fonodióloga Kelly Carvalho.

Vantagens de ser bilíngue
Em 2012, a Universidade York em Toronto, no Canadá, publicou um estudo sobre crianças educadas em ambientes bilíngues. Segundo a pesquisa, apesar da aquisição dos diferentes idiomas ser mais lenta, esses estudantes têm uma compreensão metalinguística melhor e mais profunda sobre a estrutura das línguas, uma ferramenta importante para a alfabetização durante o desenvolvimento infantil.

O estudo também aponta que elas têm melhor desempenho em testes de controle executivo, que medem a habilidade da criança em focar a atenção onde é necessário sem se distrair e deslocar a atenção quando solicitado.

Por outro lado, como o bilinguismo é frequentemente ligado a outros fatores, incluindo diferenças culturais, situação socioeconômica e história de imigração, fica difícil determinar qual aspecto da experiência bilíngue é o responsável pelos resultados.

Ainda segundo experts no assunto, o cérebro humano nasce com uma capacidade de adaptação enorme e pode aprender qualquer idioma desde que lhe seja apresentado. E quanto mais cedo a segunda língua for aprendida, melhor será a pronúncia e a distinção dos sons daquele idioma. “O importante é sempre respeitar as peculiaridades de cada criança”, enfatiza Kelly.

Em relação a alfabetização, por exemplo, deve-se prestar muita atenção no processo de aprendizagem. Se alguma dificuldade grande for observada com algum dos idiomas, o melhor é que a criança seja alfabetizada em um só deles.

Depois de tantas leituras e consultas, resolvemos continuar de onde paramos. Em casa, só português. Mamãe  e papai só dão um empurrãozinho com frases básicas como “What is your name?”, mas o inglês Gigi vai absorver naturalmente.

Em setembro, quando Gigi entrar para a escola aqui nos Estados Unidos, o processo deve ser mais acelerado, garantem os especialistas. Te conto quando chegar lá.

Wednesday, October 10, 2012

Por que?

De uns tempos pra cá, Gigi tem me deixado tonta de tanto repetir “por que?”. Estamos passando pela famosa fase das inúmeras perguntas, mais acentuada entre os 3 e 4 anos, quando a criança passa a se interessar em entender as coisas a sua volta.

Segundo a pedagoga Jussara de Barros, em artigo para a Escola Brasil, “isso ocorre devido à construção da própria identidade, que acontece na infância, quando a criança passa a se descobrir, a ter noção do próprio ‘Eu’, da importância de sua existência, das coisas que consegue fazer, que vê ou que ouve”. 

E é “essa curiosidade, a busca da compreensão do mundo, é que a levará a fazer novas descobertas, aguçando sua percepção para o aprender,” completa Jussara.

Justamente por causa dessa curiosidade, muitas vezes, a criança emenda um por que atrás do outro. Num desses finais de tarde, por exemplo, a chuva nos forçou a deixar o parquinho mais cedo. Foi o suficiente para Gigi disparar um monte de indagações. 

A nossa conversa foi mais ou menos assim:
Mamãe, por que vamos embora?
Porque está chovendo.
Por que está chovendo?
Porque a nuvem está cinza de tão carregada de água.
Por que?
Porque precisa chover para a nuvem voltar a ficar branquinha.
Finalmente, Gigi soltou um ahhhh, expressão que a minha pequena usa quando parece estar satisfeita.

Para alguns, as minhas respostas podem parecer complexas ou fantasiosas demais. 

Entretanto, me preocupo em ser a mais verdadeira possível. Sigo o conselho de uma psicóloga para não subestimar a capacidade de entendimento do pequeno. “Não crie mentiras ou ‘respostas fantásticas" porque a criança acaba percebendo que não corresponde à verdade. Respondendo com uma mentira o seu filho deixará de confiar nas suas afirmações,” observa Carmem Ganopa.

Por outro lado, as explicações devem ser adequadas à idade, num vocabulário simples e de fácil compreensão. A psicóloga lembra ainda que “é preciso dar tempo para criança formular a sua pergunta e nunca entrar em contradição com o parceiro para não confundir a criança”. 

Nessa busca constate por respostas, é comum que falte palavras para os pais, mas especialistas afirmam ser importante que os adultos tenham paciência e ouçam com atenção os seus filhos. “Se a criança é tolhida pelo adulto, no momento em que faz perguntas, poderá perder o interesse, a vontade de descobrir coisas novas, ficando paralisada no seu processo de aprendizagem por medo ou insegurança,” adverte Jussara.

O conselho dos experts para sair da saia justa do interrogatório é devolver a pergunta para que a própria criança tente explicar ou utilizá-las em momentos que esta não queira obedecer. 

“Quando diz que não quer comer a mãe poderá perguntar-lhe o porquê, se não quer tomar banho poderá também utilizar uma pergunta e, assim, mostrar que nem tudo pode acontecer da forma como ela deseja”, orienta a pedagoga.

Sunday, September 30, 2012

Gigi está sempre pronta para decolar

Eu adoro viajar e a Gigi se tornou a minha companheira desde que nasceu, inclusive nas viagens à trabalho. Aos três anos, ela encara o trecho entre Brasil e Estados Unidos numa boa e nem reclama das conexões. Ao contrário, a pequena já sabe todos os procedimentos para a entrada no avião e coloca o cinto de segurança sozinha. Não é à toa que Gigi arranca elogios dos passageiros e da tripulação e, claro, me enche de orgulho.

A primeira experiência dessa passageira nata foi aos sete meses (foto) num voo de 8 horas entre Massachusetts e Califórnia. Na época, eu optei por levar a cadeirinha do carro para encaixar na poltrona com a intenção de dar mais conforto e segurança para a Gigi, conforme eu tinha lido em vários sites de dicas de viagem. Porém, a ideia foi um desastre. 

Além de carregar aquele trambolho pesado pelo aeroporto, Gigi não se acomodou para dormir. Ou seja,  a cadeirinha me deixou apertada e eu tive que levar a Gigi no colo. Um tempo depois, aprendi que um sling é muito melhor já que o bebê fica aconchegado ao nosso corpo sem cansar os  braços.

Para tornar a viagem mais confortável, os pais também devem caprichar na mala de mão -  eu prefiro uma mochila  para levar nas costas e deixar as duas mãos livres - que deve ficar no chão a sua frente para evitar que precise levantar em algum momento inapropriado como na hora que o sinal de afivelar o cinto de segurança é acionado.

Além disso, cheque duas vezes se pegou todos os ítens. Num desses voos noturnos, eu esqueci de colocar a fralda na mochila e tive que acordar a Gigi várias vezes para levá-la ao banheiro. E essa gafe é muito mais comum do que se pensa. 

Na nossa última viagem, uma mãe me pediu uma fralda da Gigi para o seu filho de 1,5 ano porque ela só tinha levado uma para dar conta de uma viagem de 11 horas. Como eu já havia aprendido a lição,  tinha fraldas extras ainda que Gigi as use apenas como prevenção durante o sono.

Na bagagem de m
ão não pode faltar  duas mudas de roupa para a criança e pelo menos uma para você já que os pais são os principais alvos quando acontece um acidente. Coloque também brinquedos pequenos para entretê-la e alguns petiscos resolvem caso a criança, como a Gigi, não aceite a comida do avião.

Outra orientação de especialistas é dar alguma coisa (água em garrafas com bicos fixos, biscoitos, pirulito)   para a criança mastigar ou chupar  durante o pouso para diminuir a pressão no ouvido.  Confesso que  quando eu  amamentava, era mais fácil amezinar essa sensação, mas agora, mesmo que eu dê alguma coisa para a Gigi mastigar ou chupar, ela reclama de dor de ouvido.

Além disso, quem viaja com criança, mesmo sendo uma ótima companheira como a Gigi, sabe o quanto é cansativo e por isso deve aproveitar todas as vantagens que a empresa aérea e o aeroporto oferecem. Eu ainda costumo chegar mais cedo ao aeroporto para passar por todos os procedimentos com calma e, nos casos de bebê, ainda sobra  tempo de alimentá-lo e trocar as fraldas.

Por fim, levar o carrinho ajuda muito em longas caminhadas nos aeroportos e pode embalar o pequeno passageiro até a hora do embarque. Geralmente, você pode despachá-lo no portão de embarque, mas precisa confirmar antes com a companhia aérea.

Depois disso tudo, é só relaxar e aproveitar a viagem!

Wednesday, May 16, 2012

Aos três anos, Gigi só quer saber da escola

Gigi começou a ir à escola esse ano e, para a minha surpresa, ela não quer mais sair de lá. Me surpreendi porque ela sempre chorava nos primeiros dias até se acostumar nas casas das babás, opção que a maioria das mães brasileiras que trabalham fora adota nos Estados Unidos.  Na escola, foi completamente diferente. Já no primeiro dia ela entrou sem olhar para trás e o choro só veio na hora de ir embora.

A paixão é tanta que ainda no caminho para casa já vem a pergunta se amanhã tem aula. Em casa, a brincadeira preferida é a de escolinha. Ora ela é a tia Fernanda, ora a professora de balé e as bonecas e os bichinhos de pelúcia se transformam nos amiguinhos da classe.  A felicidade da pequena me leva a crer  que tomamos a decisão na hora certa.

Além disso, avaliações científicas apontam para o mesmo caminho. Segundo uma pesquisa norte-americana, a criança passa a proveitar mais a escola a partir dos três anos. Antes, o que mais pesa em favor do desenvolvimento intelectual das crianças são o afeto e a atenção individual, não importando se vêm de casa ou da creche. Depois dessa fase, estar num ambiente com outros adultos e crianças funciona como alavanca ao aprendizado e isso repercute ao longo da vida escolar. “Está claro que ir à escola no princípio da vida faz parte de um conjunto de fatores que definem o sucesso nos estudos,” afirma o psicólogo James Griffin, um dos autores do trabalho.

A pediatra Janaina Bessoni concorda que  três anos é a idade ideal para a criança começar a frequentar a escola. Entretanto, a especialista alerta que se a criança vai ficar com uma babá, o caso deve ser repensado. “Muitas vezes oriento as mães a colocarem o filho mais cedo na escola-creche pois em casa a criança ficava com uma pessoa despreparada que a colocava o dia todo em frente à TV  e a alimentava com lanches e mamadeira”,  constata. “Muitas [babás] simplesmente assistem a criança sem criar nenhuma brincadeira, sem estimular seu desenvolvimento”, completa.

Marcelo Cunha Bueno, educador e colunista da revista Crescer, também tem uma visão interessante sobre o assunto. Para ele, “estabelecer contato com outras crianças, culturas, formas de expressão, desde cedo, é fundamental para o crescimento das crianças. Isso aumenta seu repertório de relações, fazendo com que a criança amplie suas possibilidades de leitura de mundo”.

Entretanto, os pais não podem e não devem deixar todo o trabalho nas mãos dos professores porque a mesma pesquisa realizada nos Estados Unidos revela que o cenário mais favorável ao desenvolvimento pleno das crianças de três anos em diante combina dois fatores de pesos semelhantes: um ambiente familiar rico em estímulos e uma boa escola.

Saturday, May 12, 2012

As pérolas da Gigi


Há um tempo afastada do meu blog, decidi que hoje seria a data ideal para voltar à ativa. Nada melhor do que o Dia das Mães para dividir com você as pérolas ditas por Gigi aos três anos. A pequena me surpreende e me deixa sem palavras nem reação frequentemente.

A Gigi parece estar descobrindo a sua veia artística. Como compositora e musicista, tem experimentado tornar cada frase uma canção. 

As músicas, criadas de improviso, têm letras mais ou menos assim: “mamãe, eu não gosto de você”. Eu, assustada, questionei: “Não gosta?”. E a danada respondeu cantando: “Não, eu não gosto de você. Eu te amo.”

Ah, Gigi, que susto! Claro que a enchi de beijos porque eu a amo muito mais. Mas mesmo como amor e carinho, às vezes a gente tem que chamar a atenção. E numa desses momentos em que eu tentava vestí-la depois do banho. Puxa daqui, puxa dali. Dá uma bronca, diz para ficar quieta, faz cara de brava… quando de repente ouve: “Mamãe, não me amassa porque eu não sou ‘pepel’”.

Não aguentei, caí na gargalhada. De onde é que ela tirou essa? 

Outro dia foi a vez do papai da Gigi que resolveu fazer chantagem emocional com ela. Não me lembro bem o que ele queria, mas ela só retrucou “não chora, bebezinho”. Por essa o Beto não esperava.

E não para por aí. Gigi fez uma bagunça com cola escolar e eu a repreendi dizendo que só gente grande pode mexer com cola. Ela respondeu com uma pergunta: “Então porque você e a tia Fernanda [professora] podem?”. E eu tive que explicar que o que eu queria dizer que tal proeza só é permitido para pessoas mais velhas, ainda que do tamanho de crianças.

A vovó também não escapa. Outro dia a minha mãe perguntou para a Gigi quem era o bebezinho da vovó. Claro que a resposta esperada seria Gigi, mas com o discernimento invejável a qualquer adulto, ela disse: “O tio Dani. Eu sou o bebê da mamãe. Ele é seu filho”. Tudo muito bem esclarecido.

Essas são só algumas pérolas ditas por Gigi e que as divido com você como um presente no Dia das Mães. Mamãe, futura mamãe, enfim, gente que gosta de criança, certamente aprende muito com essas observações que tornam a vida muito mais simples e feliz. 

E você quer contar alguma pérola de um pequeno aprendiz? Feliz Dia das Mães!

Wednesday, January 25, 2012

Dentista dá nota dez para a Gigi

Gigi completa três anos em abril e foi ao dentista pela primeira vez na semana passada. 

Segundo especialistas, a visita foi tardia porque a consulta deve acontecer logo que apareça o primeiro dentinho por volta dos seis meses. 

O conselho vale especialmente para os pais de primeira viagem para garantir que o bebê tenha uma boa higiene e evitar o aparecimento de cáries ainda no primeiro ano de vida.

Se por um lado a inexperiência me leva a falhar, por outro me deixa mais cautelosa. Eu procurei por um bom profissional no site da Associação de Dentistas de Massachusetts e li ótimas referências sobre uma dentista de Somerville, a doutora Lina Al-Aswada.

Depois de marcar a consulta, comecei a preparar a Gigi. Assistimos a desenhos animados em que os personagens iam ao dentista e ela começou a contar os dias para chegar a vez dela. 

Já no consultório, Gigi só queria saber de abrir a boca: “Mamãe, quero abrir a boca”, dizia enquanto fechava os olhos.

Na sala de espera, os brinquedos a distraíram  até que a dentista chegou. A simpatia e o carisma da doutora Lina não foram suficientes para conter as lágrimas e os gritos da minha pequena que se assustou com os óculos e aparência exótica daquela mulher grande.

Para tentar amenizar o clima angustiante, fomos escolher um filme na videoteca da clínica e sentamos na cadeira do consultório para assistir o Shreck, um dos nossos personagens prediletos. 

Gigi se acalmou, mas continuou desconfiada e quando começou o exame a pequena não poupou os gritos. 

A missão de segurá-la coube a mim e Gigi apelou para o papai socorrê-la. Mas ele a decepcionou ao incentivá-la a aguentar até o final.

Ah, Gigi escandalosa! “Os seus dentinhos são lindos e a escovação está muito boa”, elogiou a dentista. “Eu só quero contar os seus dentinhos”, completou.

Depois da limpeza e de aplicar o flúor, Gigi foi liberada e correu para o colo do papai enquanto mamãe conversava com a doutora Lina.

A dentista explicou que a escovação deve continuar pelo menos duas vezes ao dia e nada de mamar e ir dormir sem escovar os dentes. “Se ela já estiver muito sonolenta, a faça beber bastante água”, indicou. 

Ela também reforçou que a ingestão de doces e sucos deve ser evitada. “Prefira água. Já o suco e o leite devem ser dados em copos normais ou com canudos, nunca naqueles [copos] de bico que favorecem o aparecimento de cáries”.

Outra dica é que “as escovas de dente devem ser específicas para a idade e a pasta dental deve ter flúor”. De acordo com a dentista, essa indicação é ainda mais importante para quem só ingere água mineral e fica carente da substância encontrada na água corrente.

A doutora Lina deu nota dez para os dentinhos da minha pequena e também para o talento para artes dramáticas que agitou o consultório naquela quarta-feira. 

A próxima visita será em seis meses para outra limpeza. Até lá, vamos cuidar bem dos dentinhos de leite da Gigi e garantir uma boca saudável para quando os permanentes chegarem.