Wednesday, October 10, 2012

Por que?

De uns tempos pra cá, Gigi tem me deixado tonta de tanto repetir “por que?”. Estamos passando pela famosa fase das inúmeras perguntas, mais acentuada entre os 3 e 4 anos, quando a criança passa a se interessar em entender as coisas a sua volta.

Segundo a pedagoga Jussara de Barros, em artigo para a Escola Brasil, “isso ocorre devido à construção da própria identidade, que acontece na infância, quando a criança passa a se descobrir, a ter noção do próprio ‘Eu’, da importância de sua existência, das coisas que consegue fazer, que vê ou que ouve”. 

E é “essa curiosidade, a busca da compreensão do mundo, é que a levará a fazer novas descobertas, aguçando sua percepção para o aprender,” completa Jussara.

Justamente por causa dessa curiosidade, muitas vezes, a criança emenda um por que atrás do outro. Num desses finais de tarde, por exemplo, a chuva nos forçou a deixar o parquinho mais cedo. Foi o suficiente para Gigi disparar um monte de indagações. 

A nossa conversa foi mais ou menos assim:
Mamãe, por que vamos embora?
Porque está chovendo.
Por que está chovendo?
Porque a nuvem está cinza de tão carregada de água.
Por que?
Porque precisa chover para a nuvem voltar a ficar branquinha.
Finalmente, Gigi soltou um ahhhh, expressão que a minha pequena usa quando parece estar satisfeita.

Para alguns, as minhas respostas podem parecer complexas ou fantasiosas demais. 

Entretanto, me preocupo em ser a mais verdadeira possível. Sigo o conselho de uma psicóloga para não subestimar a capacidade de entendimento do pequeno. “Não crie mentiras ou ‘respostas fantásticas" porque a criança acaba percebendo que não corresponde à verdade. Respondendo com uma mentira o seu filho deixará de confiar nas suas afirmações,” observa Carmem Ganopa.

Por outro lado, as explicações devem ser adequadas à idade, num vocabulário simples e de fácil compreensão. A psicóloga lembra ainda que “é preciso dar tempo para criança formular a sua pergunta e nunca entrar em contradição com o parceiro para não confundir a criança”. 

Nessa busca constate por respostas, é comum que falte palavras para os pais, mas especialistas afirmam ser importante que os adultos tenham paciência e ouçam com atenção os seus filhos. “Se a criança é tolhida pelo adulto, no momento em que faz perguntas, poderá perder o interesse, a vontade de descobrir coisas novas, ficando paralisada no seu processo de aprendizagem por medo ou insegurança,” adverte Jussara.

O conselho dos experts para sair da saia justa do interrogatório é devolver a pergunta para que a própria criança tente explicar ou utilizá-las em momentos que esta não queira obedecer. 

“Quando diz que não quer comer a mãe poderá perguntar-lhe o porquê, se não quer tomar banho poderá também utilizar uma pergunta e, assim, mostrar que nem tudo pode acontecer da forma como ela deseja”, orienta a pedagoga.

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