Thursday, February 17, 2022

Cartas de Amor

Quando ela descobriu esse blog chorou de vergonha. 

Agora, me pediu para voltar a escrevê-lo. Quer ler suas histórias quando for adulta. 

Então, cá estou. Mas vou passar a escrever diferente. Serão cartas à você, Gigi. 

Vou contar nossa trajetória, o seu crescimento e a minha constante aprendizagem como Mamãe da Gigi. Mas sem a pretensão de ajudar alguém. Vai funcionar como uma espécie de diário e, através das palavras, eternizar o meu amor por você.

Eu já te disse que até cogitei ter outro filho, mas tive medo de não conseguir amá-lo como te amo. Me disseram que era bobagem. Que coração de mãe sempre cabe mais um. 

Ah, difícil de acreditar quando você me preenche com tanta intensidade. 

Com o tempo, e por diversas vezes, quis carregar mais uma vez um barrigão e reviver a experiência que só senti quando te amamentei. Ver os seus olhinhos revirando com as mãozinhas encostadas no meu seio era muito bom, chego a suspirar de saudade do aconchego.

Teve momentos que você chegou a pedir um bebê, mas logo mudava de ideia.  Eu dizia que depois de tomada a decisão não dava para voltar atrás.

Eu também senti medo de agora poder dar mais a um filho do que pude te oferecer. Não achei justo. 

O tempo passou e você é a minha filha única, embora tenha irmãos a quem ama profundamente, presentes do seu pai. 

Entre nós, somos eu e você. 

Eu te entendo, ainda que você ache que não. 

Eu te amo, ainda que me pergunte isso várias vezes como se duvidasse. 

Eu sei até quando você está mentindo. E não adianta dizer que não. Te conheço. 

Você é minha única filha, essa é a nossa história e está apenas no começo.

Sunday, June 14, 2020

Elementary School done!

Gigi curtiu tanto que até 'produziu' uma foto oficial da formatura
Quarta-feira foi dia de formatura na Elementary School. Giovana terminou a quinta série em um ano complicado, que saiu totalmente do plano original, mas no fim deu tudo certo. A vida muitas vezes é assim e ela já sabe.

O ano escolar de desafios a pegou justamente no momento em que ela se preparava para a rotina da Middle School. Na nova fase, os professores têm a sua sala e os alunos precisam mudar a cada matéria.

E quando Gigi vivia essa novidade ao intercalar entre as salas de duas professoras principais, a de matemática e ciências pediu licença para cuidar da mãe doente e voltou quase dois meses depois. Durante esse tempo, a substituta não conseguiu entrar no ritmo dos alunos da Ms. McNight.

A frustração foi transformada em alegria 
Mal esse desafio foi superado, veio outro. 

Logo depois das festas de fim de ano,  a professora de inglês e estudos sociais anunciou que iria se aposentar. Uma decisão repentina para cuidar do netinho que estava para nascer. Gigi ficou com o coração despedaçado.

E nem deu tempo para encontrar outra professora. A substituta ficou  pouco mais de quatro semanas até que o coronavírus mandou todo mundo para casa.

As férias de primavera, na segunda quinzena de março, marcaram o fim das aulas presenciais. Dali para a frente, as professoras se reinventaram e a criançada se adaptou.

Evie torceu o nariz, mas se comportou como a convidada de honra
Gigi foi bem, se esforçou. Teve preguiça, tentou driblar.

No fim, ela passou em inglês, matemática, ciências, estudos sociais, artes e educação física. Já a maior lição de todas gabaritou: as adversidades estão aí para serem superadas.

A festa dançante não aconteceu conforme o combinado, mas os amigos se formaram juntos pelo telefone. Sim, enquanto passavam isolados em seus carros, cada um tecia um comentário conectados pelos headphones

"Foi muito legal. Adorei ouvir quando anunciaram o meu nome", Gigi admitiu.  

E um viva para os professores que foram exemplo e esbanjaram alegria para entregar os certificados e desejar boa sorte na nova etapa. Em uma carreata, com direito a buzinaço, os carros enfeitados levaram os formandos na cerimônia diferente, mas não menos especial. 

Gigi foi ainda mais privilegiada e teve direito a convidada especial, afinal em uma formatura padrão Evie não poderia ir. 

Elementary School done! Que venha o próximo desafio. 



Sunday, June 7, 2020

Feliz aniversário, Evie!

Essa semana foi de festa aqui em casa. Com tanto desamor da janela para fora, a gente precisa celebrar um ser que traz tanta harmonia para a nossa família.

Evie, a street cat mais amada do planeta, fez aniversário na última quinta-feira. São três anos de vida e dois anos e meio conosco. Por isso, ela tem direito a duas festas de aniversário.  Essa foi a primeira do ano.

Como já contei aqui, Evie chegou para mandar o medo de bicho da Gigi para bem longe. E a cumplicidade entre elas é demais.

E ai de mim ou do Beto que dê uma bronca na Gigi. Evie vira a cara e mia de cabeça em pé. Ela é a dona da criança e cuida muito bem, obrigada.

É a Evie que fica acordada até a Gigi fechar os olhos tarde da noite quando está de férias. Ela  escuta e assiste com atenção a cada ensaio dos “shows” antes de chegar à sala para a plateia de humanos.

Evie a consola quando ninguém parece entendê-la. A gatinha ouve os segredos sem contar para ninguém. 

Enfim, a Evie é demais, de irmã caçula à mais velha.

Agora, Gigi diz que não imagina a vida sem essa gatinha ímpar. Eu também não.

#adoteumbichinhodestimação #adoptapet #nãocompreadote

Thursday, May 28, 2020

As férias chegaram e agora?


Primeiro dia de férias! Se tem mãe arrancando os cabelos com o ensino à distância, imagina quando as atividades escolares acabarem e sobrar mais tempo para esses anjinhos?

Eu entrei nessa fase. As aulas da Gigi encerraram ontem e eu já começo a ouvir aquela velha pergunta: “o que que eu faço agora?”.

Ainda que as aulas virtuais trouxessem uma certa tensão, era um  momento em que ela estava ocupada. 

Gigi aprendeu a interagir com os amigos pela internet e esse ritmo deve continuar nos próximos meses.

Os números de casos de coronavírus apresentam uma queda e a economia está sendo retomada por aqui, mas eu não tenho coragem de me aventurar. Não se a experiência do último fim de semana se repetir.

No sábado, resolvemos dar uma volta em um parque da cidade. Gigi até combinou de encontrar uma amiga, desde que as duas usassem máscaras e respeitassem a distância de 2 metros. O encontro nem aconteceu.

Já nos primeiros passos nos esbarramos em um grupo que caminhava em sentido oposto com os rostos descobertos e nenhum respeito pelo distanciamento social. Era muita gente nem aí para o que está acontecendo e isso dá medo. Fomos embora antes que a amiga chegasse.

Com tanta falta de respeito, arrisco dizer que teremos poucos lugares para ir e as atividades vão ter que ser em casa mesmo.

Resta saber o que vamos inventar. Alguma sugestão?

Wednesday, May 27, 2020

Oftalmologista dá dicas de como amenizar danos visuais em crianças mais conectadas durante isolamento


Já estamos há mais de três meses em isolamento social e uma das minhas grandes preocupações com a Gigi é o excesso de horas em frente às telas dos celulares e computadores, seja para conversar com os amigos ou participar das aulas à distância.

Transformei a minha angústica em pauta para o meu site de notícias e compartilho com vocês o que aprendi ao entrevistar a oftalmologista Roberta Ferraco. 

Ela reconhece que a “nova normalidade’’ é um desafio, mas observa que é possível adotar medidas para amenizar os problemas. “Quanto maior a tela, menor o esforço visual. Então se for possível, prefira o computador ou laptop. Até o Ipad é melhor que o celular”, sugere a médica em relação às atividades escolares e jogos.

Gigi está finalizando a Elementary School (Ensino Fundamental) e nos últimos meses teve dois turnos de 2h30 de aulas virtuais. O contato com os amigos também é pelas telas do celular e do computador.

Com a limitação das atividades ao ar livre, sobre tempo para assistir filmes, desenhos e os viciantes vídeos no Youtube. E como controlar o Tik ok?

Tudo isso extrapola o recomendado.

De acordo com a Academia Americana de Pediatria (AAP), crianças com menos de dois anos de idade não devem utilizar nenhum tipo de tela.  Para aquelas abaixo de seis, uma hora é o limite aceitável. Enquanto as crianças acima de seis anos podem chegar a duas horas diárias de exposição à luz azul dos eletrônicos que, em excesso, causam fadiga e ressecamento ocular.

O esforço acomodativo - ver coisas pequeninhas muito de perto -, em movimento ou no escuro - também podem contribuir e acelerar doenças visuais.

Por isso, Roberta ressalta a importância de ter uma boa iluminação e “a recomendação é evitar o uso dos eletrônicos à noite”. Outra razão para excluí-los da rotina noturna é que a absorção da luz azul dificulta a produção de melatonina, hormônio responsável pelo sono.

Por outro lado, Roberta alerta que o músculo ocular leva até duas horas para estar preparado para trabalhar. “Se a criança acorda às 10 horas, o recomendável é que ela tenha contato com as telas ao meio dia.”

Mais uma dica importante: se o uso dos eletrônicos por mais tempo parece inevitável, a criança deve manter uma distância de pelo menos 50 centímetros das telas e dos monitores e ter duas horas de descanso entre as atividade digitais.

Já as conversas com os amigos no Facetime são menos prejudiciais. “Não é preciso tanto desgaste, a imagem não tem tantos detalhes como em um jogo ou vídeo”, explica a especialista.


Friday, November 1, 2019

O que há de mau em trocar travessuras por doces?

Trick or treat? Essa é a frase que as crianças mais repetiram ontem nos Estados Unidos. Afinal¸ é Halloween e não tem nada de mal nisso.

As casas enfeitadas com figuras assustadoras ao invés de afastarem os pequenos aventureiros se tornam pontos de referência de que dali deve vir muitas guloseimas. “Quanto mais decorada, mais chances de ter doces”, avalia a Gigi, embora nem sempre seja assim.

Claro que o objetivo da troca de travessuras por doces é voltar para a casa com a cesta cheia de chocolates, balas e pirulitos. Mas curtir as decorações, vestir a fantasia e participar de brincadeiras também é divertido e saudável.

Na festa do condomínio, num Halloween antecipado, teve até casa do terror. Gigi adorou! Nunca vi gostar tanto de levar susto, bem diferente de mim.

Entre pizza, doces, decoração e brincadeiras vi crianças brasileiras que nem chegaram perto porque é “uma festa do mal”. Dentre tantas teorias sobre a origem do Halloween, nenhuma remete a um ritual satânico.

A Gigi, por exemplo, quis se vestir de gata, preta e branca igual a nossa Evie. Olha só que ato de amor, nada tem haver com maldade.

Mas claro que os pais têm a liberdade de educar os filhos da maneira que julgam melhor . Só não dá para esquecer que escolheram viver em um país, que embora seja protestante, tem o Halloween como o maior feriado não cristão.

Sem esquecer que o respeito deve ser mútuo entre quem não participa do folclore e quem decide brincar no Halloween.

Dessa vez, fiquei de cabelos em pé. Não porque eu vi um fantasma, mas quando soube que uma amiga da Gigi faltou ao Character Book Parade, um desfile em que as crianças vão fantasiadas do personagem do livro que estão lendo, para não participar da “festa de aniversário do diabo”.

E como se não bastasse, na saída da escola, uma menina contava, feliz, que sua sala havia ganhado doce quando foi interrompida por outra que disse que o “Halloween é de monstro e se a a professora deu doces não deve ser uma boa pessoa”.

Eu não consigo mensurar tanta ignorância, mas posso afirmar que fanatismo não faz bem.

Tuesday, October 22, 2019

Será que um erro justifica outro?

Tem sido cada vez mais difícil viver em um mundo dominado por lives, stories e selfies. O vídeo do MC Gui “zoando” uma criança na Disney, em Orlando, na Flórida, que viralizou desde ontem, toca bem nessa ferida. Confesso que senti um nó na garganta e me deu uma vontade enorme de colocar a Gigi numa redoma de vidro para protegê-la disso tudo.

Fiquei com raiva. Se eu estivesse no mesmo trenzinho que o pseudo-artista, ele ouviria umas boas ali mesmo, ao vivo e sem filtro.

E se fosse a minha filha? Hoje em dia a gente nunca sabe quando está sendo filmado, se alguém está nos achando esquisita.

De fato, nunca foi legal debochar de alguém, muito menos uma criança. Mas agora é mais do que ser alvo de um dedo e uma gargalhada. A vítima corre o risco de cair na rede e no mundo virtual o fato se multiplica, ganhando uma proporção ainda mais cruel.

Na gravação, MC Gui e os amigos riem enquanto o cantor filma a menina, visivelmente incomodada. Segundo o funkeiro, eles estavam se divertindo com a semelhança entre a garota e a personagem de animação de “Monstros S.A”.

Se por um lado a atitude estúpida do MC gerou uma onda de revolta e solidariedade, do outro expôs a problemática da mega exposição das crianças.

Como jornalista e mãe, a divulgação do rosto da menina nas mídias sociais e a reprodução pela imprensa me incomodaram muito. Ela aparece constrangida ao ser filmada por pessoas que riam dela, o que me leva a considerar que ela não gostaria de ver aquela situação sendo viralizada e, nesse caso, divulgar a imagem fere o direito da menor.

Na ânsia da revolta, e com toda a razão, as pessoas não perceberam que ao compartilhar o vídeo ou a foto, sem proteger a imagem da garota,  estavam potencializando o drama.

Eu jamais gostaria de ver a minha filha estampando as mídias em uma situação humilhante, ainda que despertasse comoção e compaixão. Isso é crime, portanto, passível de processo. Eu processaria. Mas acho que essa família nem sabe o que está se passando. Ninguém conhece os outros personagens do vídeo, além do MC Gui e sua trupe. 

Do ponto de vista jornalístico, a imagem do rosto da menina é dispensável. O fato por si só já é cruel. Ser submetido a uma exposição amplificada também é traumatizante. Não compensa.

A menina usava uma peruca da Boo e a aparência pálida e ausência de sobrancelhas levantaram a suspeita de que ela passa por um tratamento de quimioterapia, mas bastava descrever as características frágeis.

Aliás, esse é outro ponto para ser discutido. Não se sabe o real estado da saúde da menina nem a identidade ou a nacionalidade. Mas afirmam que é americana e já deram nome e diagnóstico. Se forem dados reais, de onde veio essa informação? Ninguém diz.

Ou seja, o MC Gui errou e errou feio. Merece todo o repúdio e ser penalizado para ver se aprende.

Mas e quem publicou e compartilhou a imagem da garota? Acho que temos que ir muito além do factual nessa discussão. Precisamos aprender também.