As casas enfeitadas com figuras assustadoras ao invés de afastarem os pequenos aventureiros se tornam pontos de referência de que dali deve vir muitas guloseimas. “Quanto mais decorada, mais chances de ter doces”, avalia a Gigi, embora nem sempre seja assim.
Claro que o objetivo da troca de travessuras por doces é voltar para a casa com a cesta cheia de chocolates, balas e pirulitos. Mas curtir as decorações, vestir a fantasia e participar de brincadeiras também é divertido e saudável.
Na festa do condomínio, num Halloween antecipado, teve até casa do terror. Gigi adorou! Nunca vi gostar tanto de levar susto, bem diferente de mim.
Entre pizza, doces, decoração e brincadeiras vi crianças brasileiras que nem chegaram perto porque é “uma festa do mal”. Dentre tantas teorias sobre a origem do Halloween, nenhuma remete a um ritual satânico.
A Gigi, por exemplo, quis se vestir de gata, preta e branca igual a nossa Evie. Olha só que ato de amor, nada tem haver com maldade.
Mas claro que os pais têm a liberdade de educar os filhos da maneira que julgam melhor . Só não dá para esquecer que escolheram viver em um país, que embora seja protestante, tem o Halloween como o maior feriado não cristão.
Sem esquecer que o respeito deve ser mútuo entre quem não participa do folclore e quem decide brincar no Halloween.
Dessa vez, fiquei de cabelos em pé. Não porque eu vi um fantasma, mas quando soube que uma amiga da Gigi faltou ao Character Book Parade, um desfile em que as crianças vão fantasiadas do personagem do livro que estão lendo, para não participar da “festa de aniversário do diabo”.
E como se não bastasse, na saída da escola, uma menina contava, feliz, que sua sala havia ganhado doce quando foi interrompida por outra que disse que o “Halloween é de monstro e se a a professora deu doces não deve ser uma boa pessoa”.
Eu não consigo mensurar tanta ignorância, mas posso afirmar que fanatismo não faz bem.