Tuesday, March 26, 2024

Acordar cedo é um desafio para adolescente e a ciência explica

Acordar cedo não é uma tarefa fácil nem para o adolescente nem para quem tem que derrubá-lo da cama. Gigi, você acorda no susto, quase nunca com o despertador, mas com a minha voz dizendo "está atrasada" ainda que falte 1h30 para a aula começar. O ritmo é lento e os meus gritos parecem ecoar lá no fundo com uma voz distante. 

O neurocientista Fernando Louzada explica que "adolescentes sofrem de uma tendência natural a atrasar o momento de dormir e esclarece que a faixa etária demanda uma quantidade maior de horas de sono, que não é alcançada com o modelo de ensino atual".

Os adolescentes precisam de mais sono do que os adultos, em média de nove horas. Nesse sentido o horário escolar não ajuda. A maioria das escolas nos Estados Unidos começam entre 8 e 8h30, uma hora depois do estabelecido no Brasil. O que seria uma vitória, não é o suficiente. 

Em uma conta rápida, seria preciso dormir às 21h30 para acordar a tempo de chegar para a primeira aula, comportamento pouco provável para uma menina de 14 anos. 

Sono vale ouro 

O neurocientista explica que é preciso encontrar caminhos porque o sono é fundamental. "Para manter a integridade do sistema imunológico, atuar no controle do metabolismo energético, preservar a cognição e o funcionamento cerebral. Por isso, ficar longos tempos privados de sono favorecem o ganho de peso, o desenvolvimento de doenças metabólicas, como diabetes tipo 2, além de problemas cardiovasculares e neurodegenerativos", pontua Louzada.

O sono mexe muito com a regulação emocional também. "Quando não dormimos, ficamos com maior impulsividade, maior irritabilidade, menor resiliência para enfrentar as situações difíceis. E se pensarmos que a adolescência já é uma faixa etária muito exposta a transtornos psiquiátricos, essa preocupação com sono deve ser ainda maior, pois o cérebro ainda está em formação", observa o médico. 

Além disso, o sono consolida as nossas experiências depois do aprendizado. Ao dormir, o cérebro permanece ativo e essa atividade está a serviço dessa formação de memórias, o que impacta diretamente no desempenho escolar.

Soneca durante a tarde

Em geral, a soneca durante a tarde é benéfica, mas há duas preocupações. "A primeira é que as evidências mostram que cochilos muito longos, com mais de 90 minutos, começam a repercutir no sono noturno, então você terá mais dificuldade para dormir à noite. Por isso, o recomendado é que dure no máximo 1h e meia."

A outra preocupação é o fenômeno chamado inércia do sono, que é a tendência de continuar dormindo mesmo após ter acordado. "Em algumas pessoas isso dura pouquíssimo tempo em outras ele é mais longo e podem ter uma dificuldade maior em produzir e estudar após o cochilo. Para essas pessoas, pode não valer a pena a soneca por comprometer o resto do dia."

Qualidade

E para os jovens, nove horas de sono não são suficientes se não for de boa qualidade, se você acorda muitas vezes durante a noite, por exemplo.  Então é muito importante observar se está muito sonolenta, dorme em situações em que não deveria, está mais irritada, com mais dificuldade em manter o diálogo em situações estressantes, se está mais deprimido ou com falta de motivação.

Para ajudar, há uma série de medidas da chamada higiene do sono. Elas vão desde as condições do ambiente, como garantir que ele esteja o mais silencioso, escuro e confortável possível, até hábitos como atividade física regular, alimentação adequada, evitar estimulantes, como cafeína, nas horas que antecedem o sono e reduzir a estimulação luminosa de telas nesse período. Tudo isso contribui para um sono melhor.

Vamos tentar. 

Mais brasileira ou americana?

Fizemos uma brincadeira no rádio para ressaltar as diferenças entre as culturas em uma alusão a você ser muito americana para ser brasileira e muito brasileira para ser americana.


O ping-pong foi divertido e está registrado aqui. O saldo até agora aponta que você é muito americana.


Provavelmente vamos adicionar mais itens em algum momento. E tudo pode mudar.


Pizza com a mão ou com talheres?

Mão. Eu sou muito americana pra ser brasileira.


Cachorro quente só com salsicha ou com molho, milho verde, batata palha, etc?

Só salsicha. Eu sou muito americana pra ser brasileira.


Brigadeiro ou Brownie?

Brigadeiro. Eu sou muito brasileira para ser americana.


Abraço ou aperto de mão no primeiro encontro?

Aperto de mão. Eu sou muito americana para ser brasileira.


Calça para ir ao mall: Jeans ou moletom?

Jeans. Eu sou muito brasileira para ser americana.


Tem samba no pé?

Não. Eu sou muito americana para ser brasileira.

Wednesday, January 10, 2024

Será que é legal tirar foto com o Noel?

Nessa época de celebrações de fim de ano fazemos muitas reflexões e uma, que parece até boba, me fez questionar o por que de posar com o Papai Noel. E embora já tenha até passado a data, acho que vale a pena registrar. 

Não consegui achar uma foto sua feliz de verdade com o bom velhinho e isso me levou a pensar que talvez você não gostasse do evento. Eu achava que era legal participar dessa tradição comercial. 

Tirar foto com o Papai Noel é legal?
Essa foi sua última foto com o Noel, aos 6 anos

É claro que a celebridade Noel gera empregos. Isso é bom! Tem crianças que gostam. Isso é ótimo. 

Mas hoje, se eu pudesse,  daria um conselho às mamães. Nunca obrigue os seus filhos a tirarem fotos com o Papai Noel. 

A terapeuta de família, Mônika Walker, diz que o importante é prestar atenção aos sinais. "Se o bebê chora é sinal que não o agrada. Trata-se de cumprir a vontade dos pais", observa. 

"Já quando é grandinha, é importante perguntar se a criança quer um retrato com o Papai Noel e respeitar a resposta", aconselha a terapeuta. 

De fato, como eu disse, você nunca chorou, Gigi. Mas acho que também nunca curtiu. 

Quando passou a entender, eu perguntava se queria tirar a tal foto. Como sempre foi muito tímida, eu acabava te convencendo a sorrir ao lado do bom velhinho com medo que você se arrependesse no futuro.  

Hoje quem se arrepende sou eu. 


Monday, December 11, 2023

Mãe imigrante x mãe americana

Agora somos colegas de trabalho, Gigi. A cada 15 dias você está comigo na rádio para falar desse blog. 

Depois que resolvi compartilhar as nossas experiências com os ouvintes, percebi isso que só fazia sentido se você estivesse comigo. Não dá só para comentar a versão de mãe. O olhar da filha é fundamental. 

E já na primeira participação você me deixou sem chão. 

Ao perguntar se notava diferenças entre mães americanas e brasileiras, você disparou que aquelas são mais calmas. 

Juro que eu esperava que dissesse algo sobre comida ou ser superprotetora.  E você solta uma dessas. 

Caí na risada ao vivo. Não sei se de nervoso ou de orgulho por sua espontaneidade. Pensei na hora: virei meme. 

O fato é que comecei a pensar nisso desde lá. Analisar os contextos. 

Acho que não dá para ceder o tempo todo como a mãe gringa de uma sátira que encontramos na internet outro dia. Muito menos sair gritando - ainda que você me tire do sério - como a latina.



A gente riu muito ao assistir esse vídeo (acima) e você indentificou que eu estava mais próxima ao segundo perfil. 

Mas qual é o meio termo? Eu acredito que tem que comer o que tem e ser grata.  Não dá para variar muito, seja pela falta de tempo ou talento culinário.

E, sim senhora, comer verduras e legumes é preciso para manter a saúde. Sem esquecer da beleza, mas esse é outro assunto porque a terapeuta me puxou a orelha. 

Já a exaltação vem do sangue latino, da herança italiana e dos meus tempos de criança. Domar tanto os meus quanto os seus instintos ainda leva tempo. 


Monday, October 2, 2023

Qual é a sua religião?

 Sempre acho difícil falar sobre religião porque a gente mexe com as crenças dos outros. Cada um tem o direito de acreditar no que quiser.

Mas parece que isso vira sempre tema em qualquer lugar. Por exemplo, se vai ao médico, questionam a religião. Na escola, querem saber se é católico, evangélico ou tantas outras crenças que existem por aí. 

Você foi batizada ainda bebê na igreja Católica assim como eu e seu pai, mas não fez catequese. Aos 9 anos teve o batismo da Batista. Você pediu, seu pai concordou e eu aceitei. 

Os cultos do pastor, um amigo e pessoa do bem, traziam boas palavras. Na vida precisamos muito disso. 

Já fomos ao Centro Espírita onde você aprendeu uma lição que me ensinou e eu repito todos os dias para te lembrar: Essa roupinha é emprestada. Ou seja, o nosso corpo nos foi cedido para fazer a passagem por esse mundo e, por isso, temos que cuidar muito bem dele. 

Eu entendo que religião é uma escolha que você deve fazer quando tiver consciência. 

A minha avó, dona Mirtes, era uma mulher de muita fé. Eu queria que você a tivesse conhecido.  Ela nos levava à igreja Católica e no seu diário ela escreveu: mostrei o caminho da igreja, mas quem vai decidir a religião que vão seguir são vocês quando tiverem entendimento. 

Eu optei por nenhuma. Acho o Papa Francisco muito legal, o Padre Júlio Lancellotti um exemplo, o Pastor Nassiff superinteligente e Allan Kardec tem uma luz excepcional. 

Mas mesmo assim não me convenço a aderir a uma religião. Não me identifico 100% com nenhuma, talvez tenha mais proximidade com o espiritismo. Mas tem cada charlatão, é preciso ter cuidado. 

E as religiões não param por aí. Tem muito mais: islamismo, judaísmo, candomblé etc. 

Então eu só posso te ensinar o que eu acredito. Em um Deus bom e na nossa obrigação de fazer o melhor sempre. 

Deus não castiga, as nossas escolhas são responsáveis por nos levar a caminhos tortuosos. Somos livres e responsáveis pela nossa vida.  

Um dia você vai escolher a sua religião, ou não.

Deixo aqui registrado um vídeo em que você, aos 9 anos,  imita o Pastor Nassiff num culto, mas reproduz o ritual de uma missa. Com o detalhe de que lê uma bíblia para criança em português sem nunca ser alfabetizada neste idioma, mais um desses dons que eu acredito ser presente de Deus.

A sua infância foi assim, cheia de experiências. Espero que a ajude a ser um ser humano do qual o mundo precisa. 

Tuesday, July 11, 2023

Já vou!

Perdi as contas de quantas vezes você fala "já vou" por dia. É uma fase! Disso eu sei, mas até quando? 

Fico esperando o dia mágico em que você vai parar de procrastinar e abrir mão da frase "daqui a pouco eu faço". 

Mas lendo relatos de outras mães me senti acolhida. Eu não sou a única que acorda o cumprimento de uma tarefa que acaba não sendo feita, levando a mais uma discussão. 

É coisa de adolescente, dizem os especialistas.

Eles garantem que a procrastinação é mais uma características dessa faixa etária, assim como a preguiça. Aliás, essas duas andam juntinhas. 

Situações cotidianas como arrumar o quarto, passear com os cachorros e escovar a gata viram tema para uma briga que termina comigo fazendo o não feito porque você "esqueceu". 

Acumular mais uma tarefa, por menor que seja, para uma mãe que já está sobrecarregada é tão exagerado quanto a reação que você enxerga diante de um trato não cumprido. "Você está louca", chegou a me dizer. 

Mas a vida ensina, sempre te digo isso. Com as mães não é diferente. 

Há pouco tempo li o relato de uma mulher que passou a ficar na frente do filho até que ele fizesse a tarefa. Adotei a tática. 

Está certo que nem sempre dá para fazer isso e você, claro, não gostou. Mas funciona. 

E, acredite, é mais cansativo para eu insistir tantas vezes do que sair para andar com os cachorros ou guardar a louça. 

Aliás, se seguisse aquela To Do List que fizemos outro dia, eu não precisariam mandar nada, coisa que te irrita tanto. 

Se vai ter que fazer, por que deixar para depois? 

 

Tuesday, June 13, 2023

Erros fazem parte da lição

Eu sempre quis ser um exemplo de força e de mulher para você seguir e falhei muitas vezes. Falho o tempo todo. 

Mas essa noite, pensando bem, os meus erros também te ensinam. Você pode ser o que quiser, Gigi. 

Você também vai errar muito, tanto ou mais do que eu. Quem sabe menos.

A trajetória nesse plano é assim. Cheia de vitórias e derrotas. Eu ganhei muitas batalhas e perdi outras. 

Você, com certeza, é o símbolo da minha maior vitória. Meu sonho era ser mãe. 

Eu não consegui ser a mãe que eu queria ser. Essa ainda é uma constante luta e às vezes me dá uma sensação de fracasso. Mas estou sendo o melhor que posso, prometo.

Minha paciência é curta,  sua astúcia engole o meu poder de persuasão e eu não conquistei tudo o que eu queria para te provar que é possível. 

Eu queria ter evitado muita coisa e proporcionado tantas outras. 

Mas até quando me falta coragem, ânimo e força, preste atenção. Estou te ensinando.