O palco é o seu lugar

Ainda estou me recuperando da emoção de sexta-feira. 

Antes do espetáculo, fiquei nervosa porque você estava nervosa. Sentia medo de esquecer as falas. Era a sua primeira atuação. 

Durante a peça suei frio. E se te desse um branco? Tropeçasse? Ou até caísse?

De repente o nervosismo foi passando e senti um orgulho danado.  Brotou aquele sorriso que seu pediatra sempre observava. “Lá vem a mãe sorriso”, dizia o Dr. Osler. 

Ah, mas se aquele médico visse você na pele de Leo. Sim, personagem masculino. Porque desafio bom tem que ser daqueles de provocar arrepio. 

Eu estava em gargalhadas. Bobona mesmo. 

Você foi muito bem. Lembrou de cada palavra. Interpretou com genuinidade. 

Acho que a sua timidez não será capaz de te tirá-la do palco. Você combina com ele. 

Na hora, lembrei das reclamações de acordar cedo aos sábados para ensaiar. Os aborrecimentos. A vontade de desistir. Valeu a pena insistir. 

Você é estrela. A mesma dos palcos de balé de quando era pequenininha. Não gostava das aulas. Detestava. Mas fazia tudo certinho e rebolava como ninguém, sangue brasileiro. 

O palco te faz feliz e acho que agora encontrou o caminho para chegar lá. 

Eu fico te aplaudindo daqui.

Sim, sou insuportável

Outro dia uma colega compartilhou em uma rede social o texto abaixo e super me identifiquei. Acho que somos muitas assim.  Insuportáveis. Não porque queremos, mas porque não vemos saída. Temos que fazer para acontecer.

Eu espero, filha, que quando for adulta as coisas já tenham finalmente mudado e  você não fique insuportável como eu. E mesmo que ainda tudo seja igual, tente ser diferente. 

Não há ser humano na face da terra que aguente o tranco de organizar a casa, fazer o almoço, janta, compras, cuidar do filho, pano na casa, lavar banheiro, colocar roupa na máquina, estender, guardar, ter o home office em dia, se virar nos 30, se revirar, sem que a saúde mental, física, emocional sejam comprometidas.

Geralmente chegamos ao final do dia com sensação de fracasso, de que deveríamos ter mais braços, ser de aço.

Chegamos ao final do dia em débito. Especialmente com nós mesmas.

Algo público e notório é que as mães sempre se deixarão por último.

Ao invés de se aproveitar dessa vulnerabilidade emocional das mães, observe. Não é à toa que vem tensão, sobrepeso, dores musculares, doença. Auto cuidado em declínio da nisso.

E a conta chega.

Nos tornamos insuportáveis.

Chorosas, estressadas, sem paciência, sobrecarregadas, doentes.

Tem dias que dói na alma sentir que somos impotentes, insuficientes, que não estamos dando conta de tudo.

Mal sabemos que nos cobramos o sobre-humano. Que na verdade, não é que não damos conta. É que não tem como dar conta.

Muitas de nós seguimos tentando o impossível.

A interminável sensação de ter o que fazer e estar devendo algo são insuportáveis. Nos sufoca. E o que muitos não sacam é que não  é sobre “impotência”, é sobrecarga.

É o que alguns dizem por aí ter transformado mulheres lindas e maravilhosas em pessoas insuportáveis. Cobrando mais ao invés de ajudar e de perceber esse pedido de ajuda deslocado.

Exaustão, pessoal. Esse é o diagnóstico.

É a consequência de aceitar fardos. De fazer mais do que pode, consegue, suporta.

Esse é o mundo das mulheres insuportáveis. Um mundo sem rede de apoio. De não saber dizer “não”.

Exaustão pode virar depressão, estafa, doença física.

É preciso cuidado com as mulheres “insuportáveis”. Elas podem estar por “um fio”, implorando por um braço estendido disposto a ajudar.

Observem.

Ajudem.

Cooperem.

Enxerguem-as.

Texto: Julieta Franco, autora do livro O PODER DO APEGO (www.opoderdoapego.com)

Entre um batom e outro

Maquiagem não faz parte da minha rotina. Aliás, é muito raro eu passar uma base ou até um batom. Não que eu seja linda de viver, mas eu não tenho paciência e nem talento. Me aventuro quando necessário e é nesse momento que eu descubro o quanto você ama essa arte. 

Tanto que outro dia precisei dar um tapa no visual e fui surpreendida com a minha necessaire em migalhas. 

Pode até usar, mas deixa tudo em ordem para quando for minha vez. 

Após esse episódio, e de uns gritos, fui pesquisar sobre o timing da maquiagem e encontrei no site do Laboratório Oswaldo Cruz informações importantes. 

A dermatologista Flavia Guglielmino alerta que “produtos de make só a partir dos 12 anos de idade – e com muito cuidado”.

Nessa imagem, você cedeu o seu talento de maquiadora para a vovó Bia aos 5 anos

Você já passou dessa fase – mas fica o aviso para outras mães – maquiagem de brinquedo ou direcionada ao público infantil é trash porque a procedência é desconhecida.  “Eles podem conter substâncias como o níquel, um grande causador de alergias”, explica a especialista. 

Nesse momento eu me penitencio porque esses produtos fizeram parte das suas brincadeiras. 

“O ideal é começar com o uso de maquiagens hipoalergênicas” e só em ocasiões especiais. 

Agora vem a parte que nem precisa de talento, mas acho chatíssima. Aliás, é daqueles remédios amargos que têm que tomar ou vai ficar mal. 

É fundamental remover a  maquiagem. Ponto. 

Independente da idade, esse é um passo importante para prevenir o envelhecimento precoce da pele.

“É durante à noite que a pele passa pelo processo automático de renovação celular, o que ajuda a mantê-la mais bonita. Dormir maquiada atrapalha esse processo”, ressalta o dermatologista Jardis Volpe. 

O especialista destaca que o erro mais comum na hora de retirar a maquiagem é só lavar o rosto com sabonete e achar que isso é o suficiente.

“O melhor é usar um demaquilante para iniciar a remoção e depois lavar o rosto com um sabonete líquido. Para finalizar, a dica é aplicar um tônico para limpeza mais profunda”. 

Ou então tirar proveito da “água micelar, uma solução líquida três em um: ela ajuda a limpar, remover a maquiagem e desobstruir os poros”.

É, Gigi, o produto que você usa para esconder uma espinha ou outra pode entupir os poros, causando cravos, mais espinhas e até acne. 

Por isso, entenda que você é linda e tudo tem o seu tempo. 

Aos 13 anos, um batom já está bom. Mas se quiser marcar o olhar em uma ocasião especial tudo bem. 

E, claro, pode pentear a sobrancelha. Aliás, isso parece mais importante que escovar os dentes, né Gigi? 

Happy Birthday daddy!

Hoje é dia de festa! E como você adora uma comemoração, Gigi. Já falamos muito sobre isso. 

Numa segunda-feira tem que arrumar tempo para celebrar mais um ano de vida do papai da Gigi. 

Justo! 

Aliás, você é muito boa nisso. Tem o cuidado em demonstrar o quanto ele é amado, principalmente em um dia assim. 

Há muita saudade no ar. Com os seus irmãos longe, fica aquele vazio no coração desse cara [que se faz de] durão. Você sabe disso. Entende. Faz de tudo para alegrá-lo. 

E, acredite, ele também sabe. E fica feliz. 

Dessa vez, você foi a segunda a chegar na cama para o café da manhã. Max, o puppy com mais energia do mundo, chegou na sua frente e acordou o seu pai com muitas lambidas. Vai ter que ser mais rápida no próximo ano. 

Mas tudo bem. O dia segue especial. Temos muito o que agradecer. 

Papai segue com saúde e disposição para enfrentar os desafios da vida. 

Daquele jeitinho dele, às vezes, ranzinza. Mas que você (a gente) ama. 

Para ele tem que ter torta, ainda que a gente goste do bolo e tenha que rodar a cidade inteira atrás de uma "à la Beto". Achamos a de figo.

Coca-cola não pode faltar. E todo mundo concorda. 

A velinha?  Deixa pra lá porque a idade é segredo. Agora está com essa mania. 

Happy Birthday Gigi's daddy!

Halloween: Criatividade ou Travessuras?

Eu nunca fui boa de trabalhos manuais, mas mãe tem que se virar, não é mesmo? 

Você adora Halloween. Aliás, festa e comemoração desperta a sua imaginação, Gigi. 

Eu já disse aqui tudo o que eu penso desse monte de bobagens que falam sobre o Halloween e hoje quero dividir a nossa obra de arte. 

Fã declarada de Taylor Swift, foi um figurino da artista que você escolheu para ‘interpretar’esse ano. As letras colantes não chegariam a tempo para estampar os nomes dos álbums da estrela pop na camisa branca, então improvisamos com fita isolante preta. 

O “s” foi o mais difícil e ainda bem que você conseguiu fazê-lo porque eu gastei alguns metros de fita sem sucesso.

O resultado foi criativo e barato, do jeitinho que a gente gosta. 

Agora é só curtir o Halloween. Com muito doce e pouca travessura, por favor. 

Bebeu água?

Quantas vezes por dia peço para você beber água, Gigi? Eu já perdi a conta e acho que você também. Está enjoada de responder sim, mesmo que não.

É importante beber água. Parece óbvio e, claro, Gigi, você também cansou de me ouvir dizer isso.  

Aliás, muitas vezes, paro na sua frente para vê-la dar uns goles dessa bebida que, acredite, é sagrada. 

O fato é que essa resistência não é apenas sua. Pesquisadores afirmam que a maioria dos adolescentes não consome a quantidade ideal de água.

O assunto virou pauta para o European Journal of Nutrition. Uma matéria destaca que “a hidratação insuficiente na infância e na adolescência  pode prejudicar o desempenho físico e cognitivo, afetando o funcionamento do organismo”.

O artigo diz ainda que é fácil calcular a quantidade de água necessária para o corpo. É só fazer o seu peso vezes 0,03. Portanto, no seu caso: 40 x 0,03 = 1,2 litro já está bom.

Mas outros fatores,  como altura, temperatura local e prática de atividade física, podem influenciar na necessidade de ingestão de água, podendo chegar a 3 litros na adolescência.

Nem é tanto sacrifício e evita a desidratação que pode causar dores de cabeça, cansaço, tontura e fraqueza.

Segundo a sua madrinha Joyce Pádua, que é nutricionista, a sede já indica que está desidratada e tem que ser matada com água, não com outra bebida que tenha açúcar. 

Gabriela Kapim, outra nutricionista, já escreveu um texto sobre o assunto na Isto É. A especialista diz que o “consumo adequado de água ajuda o organismo a enfrentar estresses metabólicos, diminui o risco de desenvolver doenças crônicas como diabetes tipo 2 e doenças do coração, também ajuda a combater a obesidade e sobrepeso infantil. Ela dá um descanso para o processo digestivo e para o aparelho renal, sem falar que é um componente estrutural para todas as células do nosso corpo”.

Depois de tantas informações, espero que você encontre motivos para obedecer a “mamãe” e beber pelo menos três garrafinhas de 500 ml, dessa que você já tem, para começar. 

Ah, e consumir menos, bem menos refrigerante. Depois te explico de novo o porquê.

Cartas de Amor

Quando ela descobriu esse blog chorou de vergonha. 

Agora, me pediu para voltar a escrevê-lo. Quer ler suas histórias quando for adulta. 

Então, cá estou. Mas vou passar a escrever diferente. Serão cartas à você, Gigi. 

Vou contar nossa trajetória, o seu crescimento e a minha constante aprendizagem como Mamãe da Gigi. Mas sem a pretensão de ajudar alguém. Vai funcionar como uma espécie de diário e, através das palavras, eternizar o meu amor por você.

Eu já te disse que até cogitei ter outro filho, mas tive medo de não conseguir amá-lo como te amo. Me disseram que era bobagem. Que coração de mãe sempre cabe mais um. 

Ah, difícil de acreditar quando você me preenche com tanta intensidade. 

Com o tempo, e por diversas vezes, quis carregar mais uma vez um barrigão e reviver a experiência que só senti quando te amamentei. Ver os seus olhinhos revirando com as mãozinhas encostadas no meu seio era muito bom, chego a suspirar de saudade do aconchego.

Teve momentos que você chegou a pedir um bebê, mas logo mudava de ideia.  Eu dizia que depois de tomada a decisão não dava para voltar atrás.

Eu também senti medo de agora poder dar mais a um filho do que pude te oferecer. Não achei justo. 

O tempo passou e você é a minha filha única, embora tenha irmãos a quem ama profundamente, presentes do seu pai. 

Entre nós, somos eu e você. 

Eu te entendo, ainda que você ache que não. 

Eu te amo, ainda que me pergunte isso várias vezes como se duvidasse. 

Eu sei até quando você está mentindo. E não adianta dizer que não. Te conheço. 

Você é minha única filha, essa é a nossa história e está apenas no começo.