Saturday, June 9, 2018

Coisa de mãe brasileira, de filha única ou superprotetora?

Um dia desses Gigi chegou em casa e me revelou: “Minha amiga disse que você faz tudo para mim!”. Claro, “sou sua mãe, não sou?”, reagi.

“É mãe. Mas a [nome da amiga] me perguntou quem escolheu a minha roupa hoje e eu disse que foi você. Ela disse que escolhe a própria roupa e prepara o lanche da escola”.

Depois dessa conversa comecei a refletir: Será que ‘cuidar demais’ é coisa de mãe brasileira? Mãe de filha única? Sempre achei que era só de mãe.

Eu concordo que a criança precisa ser independente e os americanos sabem incentivar isso desde cedo. Enquanto eu dava comida na boca da Gigi para ter certeza que ela ia comer a verdura até o final, outros já comiam sozinhos.
Gigi aos 12 meses. Será que ela sempre quis ser mais independente? 

O ritmo nos Estados Unidos é frenético. Parece que a gente trabalha 24 horas por dia.

E eu faço tudo em casa, assistente do lar não é uma coisa comum por aqui. Eu não tenho.

Mesmo assim até pouco tempo eu dava banho. Confesso que até hoje invado o banheiro para 'ajudar' a Gigi a lavar o cabelo. Ela reclama.

Mas desde aquela revelação tenho observado o meu comportamento e me esforçado para dar o espaço que ela, aos 9 anos, precisa.

Agora ela já  passa a Nutella no pão do café da manhã, prepara o sanduíche e até escolhe a roupa. De vez em quando tento convencê-la de que uma coisa ou outra não combina, faço sugestões, mas a decisão é dela (pelo menos na maioria das vezes).

Aos poucos, vou me adaptando.

Por um lado, é incrível ver que ela consegue fazer tanta coisa e já não depende tanto de mim. Aquele bebezinho que precisava de mim para tudo, cresceu. E dá saudade.

Mas agora é outra fase. É a hora de  apenas orientar as decisões e supervisionar as tarefas.

Afinal, com a independência vem mais responsabilidade e já dá para aumentar a lista do que pode fazer para me ajudar em casa.  E essa é a parte chata, para ela.

Eu continuo me questionando qual tipo de mãe sou eu. Mas, na verdade, será que existe um tipo? 

Qual é o seu? Acho que eu, por exemplo, sou apenas a Mamãe da Gigi. 

Sunday, June 3, 2018

Vacation mode on


Vacation mode on! Mas o da Gigi, não o meu. Agora é que a jornada de trabalho ganha mais força.

Além dos afazeres do dia-a-dia, é tempo de inventar coisas para a Gigi fazer nas férias de verão que começaram na quinta-feira e acabam só na segunda quinzena de agosto.

É muito tempo para quem tem tanta energia. Por isso estou eu aqui, em  plena na noite de domingo, pensando nos próximos dias. 

Eu sei que eu preciso ter a resposta para: “O que eu vou fazer agora? Não tem nada para fazer”. Ainda que os brinquedos estejam todos lá.

A pergunta já vem ao abrir os olhos pela manhã que, claro, acontece agora um pouco mais tarde, lá pelas 9h. E se repete mil vezes durante o dia.

Pensei em colocá-la em um programa de dança, mas as aulas seriam por dez semanas e os irmãos dela chegam no final desse mês. Gigi já disse que não vai largá-los nem para dançar.

Então resolvi que até lá vou me virar com as opções de biblioteca, piscina, brincar com a criançada do condomínio e os passeios pela cidade. É verdade que isso não é pouco e dá para garantir muita diversão.

O desafio é fazer a dosagem. A princípio, acho que vai ser brincar em casa, piscina, andar de bicicleta e assistir TV. Mas também pode ser na ordem inversa ou alternada. Sem descuidar para não exceder muito o tempo em frente à televisão, afinal compramos os livros na feira da escola.

Os passeios vamos encaixando de acordo com a agenda de trabalho. Quem sabe não conseguimos cavar um tempo para uma pequena viagem?

Acho que vai dar tudo certo.

Mas e quando ela disser: “Tô com fome”? Se eu fizer um cálculo rápido, sou capaz de provar que ouço essa frase três vezes a mais durante as férias. E o pior é que sei que não é fome, é vontade comer.

De qualquer jeito tem que ter coisa gostosa. A minha sorte é que a Gigi gosta muito de frutas. Vou reabastecer a geladeira amanhã logo cedo. Mas ela também gosta de doces. Além das bolachas, balas e pirulitos, o meu bolo de cenoura vai aparecer com mais frequência.

Mas no final eu sei que vai dar tudo certo, sempre dá.

Tuesday, May 29, 2018

Amor supera até medo de bicho

Lembra quando contei que  Gigi tinha medo de todo tipo de bicho? Pois é, tinha. Porque agora ela tem medo só de alguns. E tudo isso graças a Evie, a nossa gatinha adotiva.

Evie, a vira-lata mais linda desse mundo, vive conosco desde o início de dezembro e é a sombra da Gigi. Por onde Gigi vai, lá está a Evie. E onde está a Evie? É só procurar a Gigi.

Toda essa história de amor e superação começou durante a visita a um casal de amigos. Eles têm dois gatos. Gigi teve medo do Blue, mas se encantou pela filhotinha que havia acabado de chegar.

Menos de um mês depois, lá estávamos no abrigo de bichinhos a procura de um felino.

Beto cedeu logo de cara. Eu resisti. Será que um bichinho em apartamento com carpete seria uma boa ideia? Ele insistiu, era a hora de Gigi perder o medo.

Já no abrigo, Beto, um apaixonado por cachorros, quase passou direto pela ala dos gatos e foi parar no canil. Foco. O bichinho é para a Gigi e ela ainda não quer cachorros em casa.

O encontro com Evie foi amor à primeira vista. Assim que Gigi colocou a mão na gaiola, se impressionou. “A gatinha deu high five!”.

Os outros não tiveram chance. Era ela. Aquela gatinha branca e preta - igualzinha a que eu tinha na adolescência - que só faltava falar.

Depois de todo o processo de adoção. A "Sweet Pea", por causa dos olhos verde, ganhou o nome de Evie.

Os primeiros dias não foram fáceis. Não para a Gigi que parecia ser parceira da gatinha a vida toda.

O problema foi o Beto que demorou a se apaixonar pela felina. Levou um tempo e quase que a Evie teve que ir embora. Mas ele entendeu que era carta vencida. O plano dele tinha dado certo e Gigi não ia mais largar a gatinha. Nem eu.

Agora, Evie divide a atenção entre nós três. Mas, claro, Gigi ganha uma fatia sempre maior.
Evie fica atrás de mim quando quer alguma coisa, toma café com o Beto todas as manhãs e o resto do tempo é todo da Gigi.

Elas brincam de pega-pega, esconde-esconde, de bola e até de bonecas. Evie passa horas vendo Gigi conversar com as “filhas” e chega a ser aluna da escolinha.

Medo? Não da Evie, que ganha beijo, abraço e colo. Até quando não quer. Aliás, Evie não é muito de colo, mas o da Gigi ela nem tenta sair.

De outros bichos, ainda sim. Não tanto, dá até para fazer carinho em um ou outro, sem muita intimidade.

Por enquanto o privilégio é da Evie que se estende no tapete da porta quando Gigi calça os sapatos para ir à escola e os olhos verdes parecem dizer: “não vá”.

Tenho uma boa notícia para você, Evie. As férias começam amanhã e Gigi vai ser só sua e você da Gigi.

Thursday, May 24, 2018

Escola, férias e livros

Estamos há menos de uma semana das férias e em ritmo de comemoração. Gigi já passou de ano. Vai para a quarta série independente do resultado do FSA.

Nossa, como sofremos a ansiedade desse teste que é uma avaliação anual a partir da terceira série, a principal prova para o aluno passar de ano e um dos instrumentos para classificar a escola. Assunto que vale uma outra postagem.

Mas Mrs. Coffy disse para a Gigi que ela já alcançou todos os pontos necessários e mesmo que a nota do FSA não seja tão alta a quarta série já está garantida.

Problema resolvido. A semana está cheia de eventos especiais, então só resta aproveitar.

Depois de confraternização, filme e recreação, tem a feira do livro. Dia de escolher os companheiros das férias com a promessa de que vai ler tudinho.

Gigi podia ter comprado o livro durante o horário escolar, mas eu sempre prefiro ir junto. Acho que é um momento legal para compartilhar com ela e estar na escola é muito importante.

E gosto de ajudar na escolha até porque no final leio também.

Dessa vez, Gigi trouxe para casa “The Maddie Diaries’ e ‘Upside Down Magic’. O primeiro é uma espécie de diário, como esse blog, em que uma das estrelas do Dance Moms conta a sua trajetória que começou cedo. Gigi adora esse reality show, ainda que só passe reprise há um bom tempo.

O outro é ficção pura com direito ao personagem virar um gato que voa. Adoramos gatos, mas conto essa paixão outro dia.

Agora é hora de ir pra cama porque amanhã ainda tem aula.

Wednesday, May 23, 2018

Detesto a mãe perfeita

Eu não sei você, mas eu tenho raiva da mãe perfeita. Sabe aquela que só conta vantagens, tudo dá certo? Para mim, isso é impossível. Ela só pode estar mentindo.

O filho da mãe perfeita está pronto para ir à escola uma hora antes do início das aulas, Gigi chega a cinco minutos da última chamada.

Eu não sei nem gosto de fazer comida. Só cozinho o trivial de um jeito que Gigi aprendeu a gostar ou morre de fome. Se bem que o meu bolo de cenoura é gostoso e isso ajuda. Já a mãe perfeita oferece todas as refeições na hora certa e, ainda, são super nutritivas e saborosas!

E o penteado? Definitivamente não sou boa cabeleireira e mãe de menina vaidosa deveria ser. Mas, lembre-se, eu nunca assumi o papel de mãe perfeita.

Ah, e entre eu e a Gigi a conversa nem sempre funciona. A paciência falta em muitos momentos e aí eu grito e me descabelo. Mesmo assim continuamos amigas.

Eu sou não sou perfeita mas, sinceramente, acho que Gigi não podia ter uma mãe melhor.

E, acredite, o seu filho também não. Somos reais e desafiamos os nossos defeitos para dar o nosso melhor todos os dias. E com todas essas imperfeições acabamos sendo uma mãe mais que perfeita.

Wednesday, February 8, 2017

Quando ela pede um sutiã

“Eu posso ter um sutiã?” Quase caí do sofá com a pergunta da Gigi.

De frente ao meu espanto, a minha menininha, que ainda nem completou 8 anos, continou com um sorriso atravessado: “Minhas amigas já usam”.

É verdade que meninas dessa idade já precisam ou desejam usar sutiã.

A peça tem como função melhorar o suporte e impedir que a mama seja enxergada. Logo, seu uso se faz necessário normalmente dos 8,5 aos 10,5 anos, o que significa cerca de 1,5 ano antes da primeira menstruação.

Segundo especialistas, se uma menina mais nova sente a obrigação de usar a peça sem o aparecimento da mama pode significar pode ser que ela esteja indicando um desejo de parecer mais velha, mais bonita e se comparar à mãe.

No caso da Gigi, acho que a iniciativa partiu da vontade de ficar igual às amigas.

Por outro lado, a criança pode estar passando por um conflito de querer esconder seu corpo para não atrair olhares, por exemplo. A escolha pode ainda pode estar relacionada às pressões sociais e até religiosas do meio em que a criança está inserida.

Nesse sentido, o mundo da moda aparece como vilão. Na Inglaterra, por exemplo, uma loja foi intensamente criticada por vender sutiãs com bojo para meninas a partir de 8 anos. Os modelos são projetados para dar a aparência de seios desenvolvidos para meninas pré-adolescentes e vendem como água.

É Gigi, ainda vamos conversar mais sobre isso e se o desejo permanecer... compramos um para experimentar. Por que não?

Afinal, pediatras afirmam que o uso do sutiã não causa uma alteração no desenvolvimento do corpo desde que o adulto fique atento para que a brincadeira não antecipe conflitos da adolescência nem traga sensação de que o uso da peça é obrigatório.

Mas sem bojo e sem pressão.

Saturday, January 14, 2017

Papai Noel existe até quando puder


Gigi está prestes a completar 8 anos e passamos mais um Natal de muita magia.

Mas quando é a hora certa de contar que Papai Noel é uma figura ilustre da nossa imaginação? Não sei e não quero saber. Se procuro ler muito de tudo, sobre esse assunto prefiro seguir apenas a minha intuição.

Acho lindo ver a expectativa da Gigi. Antes de dormir na véspera de Natal, ela deixa o leite e o biscoito perto da árvore de Natal. Afinal, o bom velhinho roda o mundo em tempo recorde para entregar presentes para o maior número (im)possível de crianças.

E a surpresa em encontrar o presente embaixo da árvore é indescritível.

Esse ano foi um pouco diferente, mas tão mágico quanto os outros. Num descuido, Papai Noel deixou o presente na varanda antes dela ir para a cama. Que susto! Não deu tempo da Gigi vê-lo, mas ele bebeu toda a Coca-Cola (sim esse ano foi Coca-cola), comeu cookies e escondeu o presente, o que levou a minha menina ao desespero: “Achei que eu tinha sido ruim”.

Ela chegou a “ver” o nariz vermelho do Rodolfo, a mais famosa rena do Papai Noel. E as lágrimas... ah, essa emoção não tem preço.

Mas e aqueles que falam demais?


Nem a mais poderosa das super mães consegue proteger os filhos dos inconvenietes. Quando Gigi tinha três anos, por exemplo, fomos passar o dia de Natal na casa de uma vizinha. Ainda na porta, a dona da casa veio nos receber dizendo que o filho tinha descoberto que Papai Noel não existe. E Gigi bem ali, do meu lado, arregalou os olhos.

Na hora pensei: "Será que ela acha que Gigi é surda?".

Tentei desconversar, mas o menino também veio contar a novidade e acho que o meu olhar conseguiu mandar o recado. Ele saiu de fininho.

Ao chegar em casa, ela finalmente fez a pergunta que a pertubou durante o dia todo: “Papai Noel não existe?”

Não sei como, mas a resposta veio instantaneamente: “Existe sim. Isaac falou aquilo porque ele não foi um bom menino e Papai Noel não trouxe presente. Esse ano os pais dele precisaram comprar.”

Não foi dessa vez que a magia acabou.

Mas três anos depois o irmão mais velho, já adolescente, decidiu que estava na hora dela crescer e insistiu em dizer que o bom velhinho não é real.

“Sim, Gigi, Papai Noel existe”, rebato. “Mas quando a criança completa 13 anos para de receber presente do Polo Norte. Há muitos bebês nascendo todos os dias e Papai Noel tem que colocar um limite. Depois disso, muitos passam a “desacretidar". Ah, e se a criança “desacredita” o Papai Noel vai deixando de existir, lembra?", indaguei. Nós tínhamos assistido isso num filme.

Na escola, esse papo também já existe e Gigi descobriu que para as crianças que não acreditam ganham presentes dos pais. Ponto.

Com o tempo

“Se eu acredito? Claro que a mamãe acredita. Papai Noel existe e fica no mundo da imaginação e só quem sabe imaginar pode receber a visita do bom velhinho.”

Com o tempo Gigi vai tirar as suas conclusões. Esse ano, por exemplo, ela já definiu que Papai Noel de shopping não é real. São representantes do bom velhinho porque o verdadeiro está muito ocupado lá no Polo Norte. E com um detalhe, segundo Gigi: “Você já reparou que eles [aqueles do shopping] são diferentes uns dos outros?”

Ah, Gigi, também acho. Mas o tempo vai responder a muitas perguntas. A única certeza de que nunca vamos duvidar é que o Natal é o aniversário de Jesus. Amém