Sunday, September 18, 2011

Primeira vez: Gigi vai ao teatro e se encanta com Laura

Num domingo desses, fomos assistir “A Vida Íntima de Laura”, a estória de uma galinha muito feinha, mas que é a maior botadeira de ovos do galinheiro da Dona Luísa. A trupe da Hedel Holz interpretou bem a obra de Clarice Lispector que traz a mensagem de que “é possível sobressair-se à custa de algum talento, qualquer um, e não pela beleza ou riqueza”.

Era a primeira vez que Gigi ia ao teatro e estava ansiosa para conhecer Laura, mas entendeu que a galinha ia demorar um pouco para chegar afinal era de manhã. 

“Ela está escovando os dentes, penteando o cabelo, passando batom… Ela já vem”, Gigi repetia as minhas palavras para justificar a espera. 

Logo, o cenário e os personagens deram vida à galinha que Gigi tanto aguardava.

Laura é casada como o galo Luis, um cantador que morre de amores pela divertida companheira que faz todo mundo rir com as asneiras que fala. Mas como todo mundo, Laura e seus amigos também têm medo. Eles sentem pavor de virar galinha ao molho pardo e consolam uns aos outros porque, pelo menos, quando esse dia chegar vão se tornar uma refeição deliciosa.

O dia-a-dia de Laura é um pretexto para abordar assuntos complexos para as crianças como o racismo, a geração, o nascimento e, principalmente, ressalta que a beleza interior é mais importante do que a exterior. 

Pode ser que Gigi nem tenha entendido a moral da estória, mas com certeza a figura de Laura e seus amigos vão me ajudar a explicar muita coisa para ela.

Sem dizer que foi bem divertido. Gigi assistiu a tudo quietinha, conversou baixinho com os personagens e dançou com o musical. 

Ela gostou tanto que entre uma palavra e outra, Gigi cacarejou o domingo todo, sempre pedindo por Laura. 

Cheguei a pensar em adotar uma galinha de estimação, mas desisti e comprei o livro de Lispector. Agora quando Gigi pede por Laura, lá vamos nós ler as trapalhadas dessa nova amiga.

Enfim, a arte é instrumento divertido para educar e, ao mesmo, tempo incentiva o gosto pela cultura. E quando é em português resgata a brasilidade que fica adormecida quando a gente vive em outro país. 

Quem concorda com a Mamãe da Gigi ou quer apenas matar a curiosidade, “A Vida Íntima de Laura” volta a cartaz nos dias 16 e 23 de outubro no Regent Theater em Arlington, Massachusetts.

Para mais informações e para matricular o seu filho nas aulas de teatro para crianças a partir de 6 anos, ligue (617) 229-8403.

Ficha Técnica:

Texto e direção: Edel Holz

Elenco: Leila Regina (Laura)

Valter (Luis)

Zé Pereira (Galo Caipira)

Simoneide (Galinha D'Angola)

Catarina Costa (Zeferina)

Gilceia Paes (Dona Luisa)

Robson Lemos (Xextas)

Produção:Edel Holz e Andreza Moon

Músico convidado: Fernando Holz

Iluminação: Anderson Joubert

Tuesday, August 23, 2011

"Terrible two" desafia limites dos pais

Gigi está cada vez mais independente e mostra uma personalidade forte. Ela sabe o que quer e usa e abusa das birras para tentar conseguir algo. Estamos enfrentando o período do "terrible two" quando quem tenta mandar lá em casa é a caçula.

Apesar de crítica, os dois anos é uma fase de desenvolvimento saudável e normal, mas que necessita de muita compreensão e paciência. 

As crianças frequentemente dizem "não" ou se recusam a fazer o que você quer que elas façam. Ultimamente, Gigi tem dito que nem o sorvete está gostoso. A resposta é sempre não. O objetivo dessa etapa, alertam os experts, é testar as regras impostas pelos pais.

Para não tolher a luta incessante pela independência, os pais devem ser mais flexíveis, negociando com a criança o que pode ser alterado. Por outro lado, as regras e limites básicos devem ser mantidos e respeitados sempre, com consistência e de comum acordo entre os responsáveis.

Quer dizer, se a mamãe diz não, o papai tem que concordar. Quando dou uma bronca na Gigi, por exemplo, ela sempre pede pelo papai. E se o papai está por perto, ela corre para contar que a mamãe brigou e pede que ele me repreenda.

Outra dica dos especialistas é que se uma regra for violada, após uma explicação clara e breve, castigue a criança imediatamente, colocando-a de castigo por 2 minutos. É muito importante que a punição venha imediatamente após o erro.

 Aqui nos Estados Unidos as crianças têm o time out. Gigi às vezes até vai sem reclamar para a cadeira do castigo, mas logo cai no choro pedindo “desculpa, mamãe”. Nessa hora tenho que me segurar para mantê-la no castigo e tentar evitar que o incidente se repita.

Mas até esses episódios são engraçados com a Gigi. Outro dia, dei uma bronca na mãozinha dela que insiste em percorrer os meus seios toda hora e falei que iria colocá-la de time out. Gigi se apressou, deu outra bronca na mãozinho e colocou a mão na cadeira de castigo.

Tapinha NÃO! -- Jamais recorra aos tapinhas. A agressão provoca raiva e medo. E é justamente o medo da agressão que fará a criança não repetir a atitude errada e não porque ela compreendeu as razões da punição.

“Às vezes, a criança escreve na parede e não sabe que está cometendo um erro. A questão é a forma de puní-la por isso. Ela pode ficar com raiva e sentir-se injustiçada, sendo que dificilmente absorverá algo que o adulto tentou ensinar. Os pais devem ensiná-la o porquê de não escrever na parede da sala e caso a atitude se repita, deixá-la sem os lápis por um tempo”, argumenta a pedagoga Patrícia Victo. “Não espere que uma criança não mexa nas coisas apenas porque disse que não deveria”, completa.

Nessa linha, mantenha sempre a calma, não grite, as crianças se acostumam com os gritos e isso não mais as assustarão. Fale sempre com objetivo e rigidez, olhando para a criança e fazendo com que entenda que você está chateada com a tal atitude e não propriamente com ela. 

Portanto, lá vai outra diga da pedagoga: nunca diga “Como você é feio” e sim “Que coisa feia você fez”.

Monday, August 15, 2011

Mamãe da Gigi recomenda Walden Pond para todas as idades

Gigi adora brincar na água, mas a minha pequena sereia treme de frio quando se arrisca a dar um mergulho para aproveitar esse verão curto demais da Nova Inglaterra. 

Dessa vez, acertamos em cheio. Ou melhor, a tia Feu descobriu e nós pegamos uma carona para brincar na reserva estadual Walden Pond em Concord, Massachusetts.

O lugar é perfeito para quem está a fim de curtir a família ao som de muito barulho de criança de todas as idades. 

A Kourtney, 8 meses, por exemplo, explorou a beira da lagoa e não se intimidou. O que ela queria mesmo era fugir para dar um mergulho lá no fundo. Mamãe Feu não desgrudou os olhos da pequena.

Já a Gigi fez acrobacias e correu atrás dos peixinhos no lago. O espaço extenso de água límpida, rasa e morna - um achado nessa região - nos permite ver os peixes pequenos que se arriscam a dividir o seu habitat com a criançada.

Embora a água de temperatura agradável seja a grande atração, a programação não se restringe ao lago onde é permitido nadar, pescar e praticar canoagem e remo. Você também pode fazer caminhada, cross-country ski e snowshoe

Por outro lado, animais de estimação, bicicletas e grelha para fazer churrasco devem ficar fora do passeio.

Além da beleza natural, o Walden Pond conta parte da história dos Estados Unidos. Nesse capítulo, o historiador e naturalista Henry David Thoreau, que morou em Walden e escreveu o livro que leva o nome do lugar, defende a conservação da região ainda no século XVIII. Os funcionários do parque, vestidos a caráter, contam tudo isso. Basta marcar a visita com antecedência.

A conveniência do estacionamento a US$5 por dia fica do outro lado da Rota 126 e ajuda a manter o limite de mil visitantes diários. 

O parque também tem banheiro e facilita a vida dos pais. Para mim, isso é essencial uma vez que Gigi acabou de sair das fraldas e quer fazer xixi toda hora.

O parque permanece aberto durante o ano todo das 8 da manhã até o por do sol. No verão, funciona das 8 horas às 20 horas. Para mais informações, acesse www.mass.gov/dcr/parks/walden ou ligue 978-369-3254.

Friday, July 8, 2011

Bye- Bye, fraldas

Gigi está virando uma mocinha. Além de adorar uma bolsa, pintar as unhas e passar batom, ela disse bye-bye para as fraldas. Claro que teve um empurrãozinho da babá que já não aguentava mais trocá-la, mas o mérito é todo da Gigi que aprendeu muito rápido embora o processo não tenha sido tão fácil assim.

Eu já tinha me informado que dois anos é a melhor idade para deixar as fraldas porque a criança conquistou maturidade psicológica e fisiológica para saber o que está acontecendo. 

Mas essa é a opinião dos especialistas brasileiros. 

O médico Barton D. Schmitt publicou um estudo mostrando que 50% dos bebês no mundo aprendem a usar o banheiro antes de completar um ano.

No nosso caso, essa decisão veio no dia 16 de junho, uma quinta-feira, quando Gigi somava pouco mais de 2,2 anos. Nós saímos para comprar as calcinhas iguais as da mamãe e achei que isso a deixaria super empolgada. Me enganei! Gigi molhou uma calcinha atrás da outra e nem se importava de estar molhada. No dia seguinte, a tia Regiane também se frustrou e as seis calcinhas que estavam na bolsa voltaram encharcadas.

Já em casa, na sexta à noite, e depois de mais uma calcinha molhada, respirei fundo e expliquei de novo que ela já tem dois anos e é hora de fazer xixi no banheiro. Foi para isso que compramos um redutor de privada da “Dora” há quase um ano. 

Na época, ela estava toda entusiasmada e queria imitar as primas. Mas logo que Nicole e Amanda foram para o Brasil, Gigi desistiu e voltou às fraldas.

Eu a levei ao banheiro toda hora durante o final de semana. Gigi fazia a maior birra simplesmente porque não queria fazer xixi ali. Era sair do banheiro e logo formava uma poça no corredor. 

Segundo especialistas, isso acontece mesmo e a pior coisa a fazer é brigar, bater e gritar por causa dos inevitáveis escapes.

"As mães e os pais têm que entender que da mesma forma que a criança tem que cair para aprender a andar, que ela demora para ser alfabetizada, o controle da urina não ocorre de uma hora para outra. Pode levar de dois a quatro meses ", observa Albert Bousso, professor de pediatria da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e pediatra do Hospital Israelita Albert Einstein e do Hospital Universitário da USP.

Aos poucos, os incidentes foram diminuindo e agora, menos de um mês depois, a fralda é só para dormir e olhe lá. Há dois dias, Gigi acorda sequinha e corre para fazer xixi de manhã toda orgulhosa. 

Eu sei que isso não significa o fim dos "acidentes" noturnos. É normal escapar na cama até os seis anos. "Conforme a criança cresce, a capacidade da bexiga também aumenta, e os escapes no meio da noite tendem a reduzir", diz a nefrologista Denise Mota. “Em geral, a criança tem o controle completo do seu organismo aos quatro anos”, completa.

O fato é que tudo se torna mais fácil depois dessa fase. Até brincar no parque fica mais gostoso sem as fraldas, né Gigi?

Sunday, June 5, 2011

Sábado é dia de parque

Só vai me entender quem vive a experiência de deixar um país tropical para viver em terras geladas. O calor está demorando ainda mais para esquentar a Nova Inglaterra esse ano. 

Nessa ansiedade, Gigi e eu aproveitamos cada tímido raio de sol e descobrimos opções baratas e acessíveis para quem gosta apenas de brincar.

A nossa última experiência foi no parque central de Boston (Boston Common/ Estação de trem Park Street) e nem o ventinho frio atrapalhou a nossa diversão. 

Depois de acompanhar a mamãe no trabalho pela manhã, como uma filha bem comportada, Gigi embarcou a caminho de um passeio merecido. Os 30 minutos de trem (US$1,25) de Allston a Boston foram suficientes para Gigi tirar um cochilo e estar pronta para aproveitar a tarde no parque.

A primeira parada foi um belo piquenique para repor as energias. O lanche levamos de casa, mas vá preparada para gastar uns trocados porque os bichos e flores de balão (até US$1,00) fascinam a garotada e quem é que vai dizer não a um “pleeeeeeeeeeease?”? Ah, Gigi, o seu “thank you” e “please” conseguem o que querem de mim.

Também tem a pintura facial que chama a atenção das crianças maiores (US$2,00). E para quem sempre guarda uma criança dentro de si não resiste e corre para brincar no parquinho. 

Iupiiiii! Mamãe também escorrega e vira fotógrafa para a Gigi fazer pose no colo das estátuas de sapo que nos dias bem quentes jorram água para refrescar a criançada. Aliás, nos dias quentes é melhor levar biquini e calção porque tem quem se arrisque a dar um mergulho no lago artificial que tem logo ali na frente.

Mas foi o carrossel (US$3,00) que mais atraiu a Gigi e como ela e a Kourtney gostaram. Só a titia Feu que ficou meio tonta e a mamãe teve que consolar a Gigi que não se conformava que a diversão tinha acabado. 

Mais à frente, o choro foi embora e o entusiasmo tomou conta da minha pequena ao ver os patos que estão prontos para devorar tudo o que o jogam para eles. Gigi parecia não acreditar que estava vendo a mamãe pata e os seus patinhos bem ali na sua frente e repetia sem parar: "Mamãe, olha o quá-quá!"

O entusiasmo da Gigi com os esquilos, pássaros e cachorros colocam a menina de cidade grande em contato com a natureza. Enfim, uma tarde gostosa e morna como essa não tínhamos há muito tempo. 

O mamãe da Gigi vai sempre registrar aqui o passeio que fizermos e você pode fazer o mesmo. O que não vale é passar esse curto verão dentro de casa.

Sunday, May 8, 2011

A dona Nice me ensinou a ser mãe

Ser mãe definitivamente é uma tarefa muito difícil. Esse é o meu terceiro Dia das Mães ao lado da Gigi e agora eu entendo o por quê devo ser tão grata todos os dias à dona Nice, minha mãe. 

Dona Nice teve que dar conta de acumular o papel de pai e sempre foi exemplo de garra, força e determinação. E assim é a Helen de hoje.

Guerreira a ponto de enfrentar o mundo e os seus preconceitos, de adiar sonhos e aspirações para garantir um presente e um futuro para a Gigi. Forte para defendê-la e protegê-la das peças pregadas pela vida. Determinada para superar as dores do mundo e ensiná-la que lutar e sorrir são os melhores remédios.

A Helen que experimentou ser mãe descobriu que nasceu para isso, talvez só para isso. A Gigi é a companheira de todas as horas que faz com que eu me redescubra a cada desafio. Erro e erro muito, sempre querendo acertar. E, então, mais uma vez, me lembro da dona Nice.

Ah, e quando a Gigi, danadinha, faz aquela birra, gênio da mamãe aqui, me transformo numa “quase” Dona Nice. Mas logo passa e a gente faz as pazes, igualzinho quando eu era criança.

Da mesma forma que aprendi muito com a minha mãe, quero ensinar para a Gigi. Quando ela vai comigo a uma marcha pelos direitos dos trabalhadores imigrantes, por exemplo, quero que ela aprenda a lutar por justiça e não se calar diante das desigualdades. Quero que a minha filha entenda que devemos fazer a diferença para a construção de um mundo melhor.

Acho que ser mãe é isso, pelo menos foi para essa maternidade que fui apresentada. 

Obrigada dona Nice e se eu conseguir ser a metade da mãe que você é, Gigi vai ser muito feliz.

Feliz Dia das Mães todos os dias!