Saturday, November 12, 2016

Gigi quer ter "um Facebook"


Gigi adora tirar uma selfie, gravar um vídeo e agora quer ter um perfil no Facebook. Sim, aos 7 anos. Mas esse “sonho de consumo” não é exclusividade da Gigi nem começou ontem. É o sintoma de uma geração.

Uma pesquisa de 2012 da MinorMonitor, nos Estados Unidos, entrevistou pais de mil crianças menores de 18 anos que estavam no Facebook. Entre elas, 38% tinham 12 anos ou menos e 4% eram menores de 6.

Isso respalda o argumento da Gigi. Ela quer porque “todo mundo tem”, ainda que ela só conheça dois ou três. Talvez tenha sido por isso, por exemplo, que você cedeu e autorizou a entrada do seu filho na rede.

Na hora de criar a conta no Facebook, o administrador sugere: “Você não deve usar o Facebook se for
menor de 13 anos”. O mesmo vale para Instagram, Pinterest, Snapchat e Twitter. No YouTube, crianças podem assistir, mas apenas adolescentes a partir de 13 anos podem criar um canal. Em tempo: Gigi também quer ter "um programa no Youtube"!

A regra é baseada na legislação norte-americana Coppa, lei de 1998 que trata da privacidade de crianças na internet e que foi atualizada em 2012 para atender as novas demandas das redes sociais, e vale para o mundo todo. A exceção é para a Coréia do Sul e Espanha, onde a rede é liberada ainda mais tarde, depois dos 14 anos.

Já o WhatsApp define um limite de idade de 16 anos. E foi logo nessa onda que Gigi entrou. Ainda que contra a minha vontade, o objetivo foi nobre: manter a proximidade como a família que está no Brasil. Justamente por isso os “amigos” se reduzem à meia dúzia, facilitando o controle.

Isso já não é possível nas outras redes sociais. Segundo a MinorMonitor, apenas 51% dos pais têm a senha das crianças e acessam suas contas, 24% são 'amigos' de seus filhos na rede, 8% vigiam as páginas na tela do computador e 17% não fazem qualquer tipo de monitoramento.

Esses índices e a facilidade de burlar as normas previstas pelos controladores do nincho mostram como as crianças ficam vulneráveis. Eu não teria tempo para monitorar de forma apropriada o perfil da Gigi no Facebook. Nem ela tem a maturidade para processar toda a informação das nossas conversas necessárias sobre privacidade, pedofilia, etc. E fico aliviada de ter um tempo pela frente para enfrentar tudo isso.

Mas a verdade é que talvez a Gigi nem precise esperar para completar a ‘ciber-maioridade’ porque, segundo oThe Wall Street Journal, Mark Zuckerberg já está pensando em uma versão da rede social voltada para as crianças.

O projeto prevê que o perfil tenha uma série de restrições que irão depender do monitoramento dos pais. Por exemplo, a conta da criança será diretamente ligada a dos pais e os contatos só serão adicionados depois da permissão do responsável.

Mas enquanto isso não acontece eu divido o meu Facebook com a Gigi. Deixo ela dar umas curtidas nas postagens do amigos e publico algumas fotos dela que a fazem esperar ansiosa pelos “likes”. Aliás, até essas publicações devem ser ponderadas e limitadas, mas isso é assunto para outra hora.

Wednesday, November 2, 2016

A promessa da mamãe e o pavor da Gigi


Não, a casa não está em ordem como deveria. Ainda não terminei o trabalho. E até o livro ficou de lado para que a gente continue essa história: a da Mamãe da Gigi.

É mais uma tentativa, aliás uma promessa. Já tentei prosseguir como a resolução de início de ano, em homenagem aos meus avós, etc, mas sempre fica para depois que eu terminar aquilo ou isso. E, você sabe, essas coisas nunca acabam.

Logo, para continuar esse blog vou transformá-lo num semanário que mantém a ideia inicial de registrar cada fase da Gigi sem se prender em um formato textual. Acho que vai ser legal, realista e Gigi vai gostar de ler um dia.

Hoje, por exemplo, foi mais uma daquelas tardes cheias, mas tudo corria bem até que a gente chegou em casa e ela se deparou com uma joaninha. A danada tem pavor de lady bug. Na verdade, ela tem pavor de quaquer bicho, mas esse inseto simpático insiste em achar frestas para voar para dentro da casa da Gigi.

E de uns tempos pra cá, ela já entra em casa procurando as joaninhas. Olha para cada cantinho e se debulha em lágrimas até quando confunde uma manchina no teto com o bicho.

Ela tem vergonha de ter medo e, mesmo assim, se apavora. Outro dia umas amiguinhas vieram brincar aqui em casa e não entenderam o ataque de horror da Gigi diante de um bichinho tão simpático.

Já tentei de tudo. Conversei, expliquei que é um bichinho inofensivo, contei que eu adorava fazer a joaninha correr no meu braço quando era menor e apelei até para a bronca. Mas nada traz a coragem para essa menina. Ela chora litros, diz que tem pavor. E eu? Eu tenho pavor de tanto pavor.

"Eu preciso de um psicólogo. Eu não consigo vencer esse medo", repetiu Gigi mais uma vez.

Parece até coisa de criança precoce, mas confesso que ela está me parafraseando. Como disse, Gigi tem medo de cachorro, lagartixa, borboleta, ... tudo quanto é animal. E em um desses 'confrontos' eu acabei soltando essa do psicólogo e ela gostou da ideia.

Até houve uma execeção à regra quando Gigi ficou amiga do gato da Lana, fez carinho e ficou toda orgulhosa por isso. Mas foi a única vez. Ela continua congelando cada vez que passa perto de um cachorro, que tem aos montes no nosso condomínio.

E as lady bugs? Dessas até eu já estou ficando com pavor.










Sunday, February 14, 2016

Ela está crescendo rápido demais


Tomei coragem e comecei a marcar o progresso
Esses dias eu me dei conta que já não tenho mais forças para pegar Gigi no colo. Fico feliz por saber que a minha pequena cresce saudável, mas precisa ser tão rápido? É rápido demais.

Em setembro, vovó Bia se assustava quando Gigi passava raspando a cabeça no balcão da cozinha. Agora, em menos de seis meses, ela superou a medida e não precisa ficar na pontinha dos pés para pegar o biscoito no armário nem usa mais o banquinho para escovar os dentes.

Parece que foi anteontem que eu conseguia socorrê-la no meu colo quando avistava um cachorro. Agora, só tenho a minha mão para oferecer diante do medo da minha menininha.

E quando adormece já não tenho forças para levá-la para cama. Mas sentada, a mãe sempre dá um jeito porque eu também preciso desse colo. E se esse ritmo continuar, estamos na marca de 1,53cm (eu) contra 1,15 (ela), o contrário deve ocorrer em pouco tempo.

Em números

O difícil é controlar a minha ansiedade emocional porque do ponto de vista físico tudo vai bem e o desenvolvimento natural da vida só confirma a saúde da criança. Em números, os especialistas conseguem definir uma escala que serve de parâmetro para acompanhar a normalidade do processo.

No primeiro ano de vida, por exemplo, o bebê ganha cerca de 25 centímetros. Já no segundo ano, o ganho é menor, sendo de mais ou menos 15 centímetros. Nesta fase a estatura familiar tem pouca importância sobre o crescimento.

Do terceiro ano de vida até a puberdade, o crescimento é de 5 a 7 centímetros ao ano e mostra uma velocidade mais estável. Esse é o momento da Gigi.

E logo chega a pré-adolescência. Segundo o endocrinologista Ivan Moreira da Silva Júnior, o crescimento puberal ocorre mais cedo nas meninas, entre 8 e 13 anos, com o início da menstruação, mais comum aos 11; mas o estirão puberal é maior nos meninos entre 9 e 14 anos. Nesse perído, o crescimento varia de 6 e 13 centímetros ao ano.

Na fase final da puberdade – que para as meninas acaba por volta dos 16 anos enquanto entre os meninos pode se estender até os 20 - o crescimento é lento, cerca de 1 a 2 centímetros ao ano, e tem uma duração média de 3 anos.

Mas para qualquer mãe, claro, tudo isso passa rápido demais.

Monday, January 25, 2016

Cultivar o português em casa não atrapalha a alfabetização em inglês


No segundo semestre da primeira série, Gigi já lê fácil. Mas nem sempre foi assim.

A alfabetização começou há dois anos, bem devagar, na pré-escola (o equivalente ao jardim da infância no Brasil) e a minha brasileira-americana, que falava muito pouco inglês, se deparou com o desafio de um processo onde a leitura segue a regra do fonema, ou seja, as crianças reconhecem os sons das letras e praticamente adivinham o que está escrito.

Por isso, quando Gigi sound out words (forma a palavra através dos sons), ela nem sempre sabe do que se trata, dificultando a lapidação da palavra. Às vezes, é preciso um sopro, mas logo a leitura acontece, com uma pronúncia perfeita, sem sotaque, como num passe de mágica das estórias de contos de fada que Gigi adora.


Mais difícil

Eu já ouvi que tenho culpa de tornar o processo mais difícil para a Gigi porque eu deveria falar em inglês para ajudá-la no desenvolvimento da língua.

Mas não é por aí, segundo a própria professora de inglês, Theresa Castagnetti, que companhou a Gigi no Kindergarten (pré-escola no Brasil). "Falar uma segunda língua não é prejudicial. Pelo contrário, é uma vantagem. O inglês vem naturalmente", garanitu "Mrs. C", como é conhecida entre os alunos.

Com o incentivo da escola, em casa só se fala português, idioma que Giovana domina muito bem, com os escorregões de qualquer criança brasileira de seis anos, e sem ficar para trás na alfabetização em inglês.

O ideal seria ela frequentar uma escola bilíngue, onde a criança aprende nas duas línguas, de forma simultânea, o currículo escolar. Entretanto, o governo de Massachusetts aboliu esse método há cerca de dez anos para conter gastos e desde então poucas iniciativas nesse sentido sobreviveram.

Como não contamos com esse privilégio na nossa cidade, Gigi frequenta as aulas de Inglês como Segunda Língua (ESL, na sigla americana), uma espécie de reforço, que acontece durante o horário escolar.

Leitura em português

Agora, na primeira série, Gigi também teve a sorte de entrar para a classe da "Miss O", que faz especialização em ESL e acha o máximo a criança cultivar mais de um idioma. "Leia para a Giovana em português também. O importante é estimular a leitura e respeitar o tempo de aprendizado peculiar de cada criança", orientou.

E disso eu faço questão. Eu sento todas as noites para ler com a Gigi, um ritual nem sempre fácil, mas transformador e propício, claro, para surpreender qualquer mãe babona.

Numa dessas vezes, por exemplo, escolhemos um livro em português, como havia sugerido a "Miss O", e a pequena leitora destrinchou toda a estória do folclore brasileiro. Gigi usou a técnica americana do sound words out para ler, do ínício ao fim, as travessuras do saci-pererê.

Contrariando críticas e através de um processo natural, sem sacrifícios, a americana que mal falava inglês agora lê muito bem no próprio idioma e já começa a tirar onda com livros em português.

Dica da Mamãe da Gigi: Um instrumento que ajuda muito na iniciação da leitura em inglês é o aplicativo raz-kids, um livro interativo gratuito que traz o áudio e a leitura, além do quiz para ajudar na interpretação. Vale para crianças bilíngues e aquelas que querem aprender o inglês.

Friday, January 15, 2016

Resoluções 2016: mais blog para mamãe, menos TV para Gigi

Se eu consigo fazer mil coisas ao mesmo tempo no trabalho, por que não acrescentar mais prazer? Se escrever é a minha matéria prima por que não dar uma escapadinha do texto jornalístico para uma linguagem mais solta das narrativas da Mamãe da Gigi? Tudo acaba nas pontas dos dedos em um teclado.
E assim surge a primeira postagem do blog de 2016, de uma resolução de fim de ano, cheia de histórias para contar e ainda sem a certeza da periodicidade.
Gigi está aqui do meu lado. Enquanto eu escrevo, ela brinca de bonecas.
A televisão está desligada porque só pode assistir por duas horas. A própria Gigi me lembra a regra e me pede para controlar o horário.
Isso mudou na semana passada durante a visita ao pediatra que a perguntou quantas horas por dia ela assistia televisão. Gigi arregalou os olhos, não sabia se a resposta que tinha para dar era acerta. Eu apenas sorri e o Dr. Osler entendeu.
“Apenas duas horas por dia”, respondeu o médico. “Entre televisão e jogos no telefone ou no tablet”, completou.
Gigi concordou. Como dizer não ao Dr. Osler? Ele a presenteou com um livro, daqueles de capítulos, um sonho de consumo para a menininha de seis anos.
Ao entrar no carro, a questionei. “E agora, Gigi? Apenas duas horas, hein?”.
Ela riu e me agradeceu por não ter contato a verdade ao Dr. Osler. Acho que ela tremeu só de pensar que eu poderia citar as incontáveis vezes que eu briguei para que desligasse a televisão ou saísse do joguinho.
Para a minha surpresa, há uma semana Gigi controla o próprio horário da TV. Resolução da pequena para 2016.
Eu sei que uma vez ou outra a gente vai passar da medida, afinal toda regra tem sua exceção. E isso não é errado!