Como explicar para a Gigi o que a mamãe está acompanhando
pela internet e pela televisão? Por que
ela tem que ficar quietinha enquanto a
mamãe observa tanta gente nas
ruas do Brasil?
Como ela ainda é muito novinha, apenas quatro anos, nenhuma
explicação faria sentido. Para evitar mais perguntas, desliguei
tudo e fui brincar com a minha pequena.
Mas resolvi deixar esse momento registrado. Acho que ela
vai gostar de ler quando crescer mais um pouquinho.
Gigi,
O Brasil é lindo e tem muita coisa boa. Você já foi lá e gostou muito.
Mas o Brasil também tem muitos problemas e é por isso,
filha, que tem tanta gente na rua. Essas pessoas estão pedindo por um país melhor. Um país que
também é seu e eu faço questão que você o conheça bem. Aos poucos, eu te ajudo.
Você mora nos Estados Unidos e por aqui as coisas são um
pouco diferente.
Os Estados Unidos carregam a pinta de potência que dita as regras do mundo, inclusive oprimiu o Brasil por muitos anos. E nem por isso o país está livre dos problemas nem dos protestos.
Os Estados Unidos carregam a pinta de potência que dita as regras do mundo, inclusive oprimiu o Brasil por muitos anos. E nem por isso o país está livre dos problemas nem dos protestos.
A verdade, filha, é que eu desejo que até chegar a hora de você encarar o mundo já não exista mais
tantas coisas ruins por aí. Mas se um dia você se deparar com uma injustiça não
se cale. Junte os amigos e quem você conseguir convencer para gritar e virar o jogo. Isso sempre é possível.
Papai já lutou contra da ditatura no Brasil e venceu. Aliás,
foi aquele movimento que proporcionou tanta liberdade de expressão que hoje
invade as ruas.
Mamãe não teve tanta ‘sorte’. A minha geração se acostumou
com a democracia e se acomodou. Eu só fui encontrar a minha turma quando entrei
para a faculdade de jornalismo. Dizem que quem se interessa por essa profiss ão tem alguma coisa de revolucionário.
Nessa época, o seu pai já era jornalista, sabia? Coisas do
destino.
Não sei se você vai ser jornalista, embora tenha nascido no Dia do Jornalista (mais uma coincidência!), mas espero que você carregue os
princípios transformadores do bem que tentamos te ensinar.
Um beijo e até lá (o passado do futuro),
Mamãe
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