Wednesday, November 27, 2013

A chupeta virou uma bicicleta

Só hoje me dei conta de que ainda não registrei a tardia separação entre Gigi, aos 4 anos, e sua querida chupeta. Já faz um tempo, em junho mais precisamente.

Na verdade, a primeira tentativa aconteceu aos dois anos quando Gigi encontrava a chupeta apenas na hora de dormir. Mas eu acabei fraquejando e cedi num momento de choro.

Estávamos vivendo um período de muito estresse e resolvi não forçá-la. Me convenci de que Gigi abandonaria o bibi quando estivesse pronta, preparada.

Entretanto, a "hora h" começou a demorar demais. Além dos problemas de dentição e respiração que o uso da chupeta pode causar, os lábios da minha pequena começaram a ficar machucados e o bibi, já havia alertado o pediatra, era a principal causa.

Por coincidência, era início de verão e as crianças começaram a aparecer no pátio do condomínio com as bicicletas. Gigi queria muito uma e, mais uma vez, ofereci uma bicicleta em troca da chupeta.

Gigi, claro, não concordou.

Nesse momento, entendi que era preciso acelerar esse desapego e “perdi a chupeta”. Contei sobre o sumiço e disse que não compraria outra. Minha pequena  chorou inconsolável.

“Daqui para frente não vai ter mais chupeta, de jeito nenhum mas a gente pode comprar uma bicicleta, o que você acha?”

A contra-gosto, ela aceitou. Gigi é esperta, percebeu que a situação era irreversível e levou o prêmio de consolação.

Nos dias seguintes, na hora da birra, Gigi chorava e pedia pelo bibi. Logo, lembrava-se e dizia em voz alta "tô louca, esqueci que não tem mais bibi".

Nos momentos mais críticos, ela se perguntava: "E agora, como vou me acalmar?".

Com o tempo você se acalmou, Gigi. E agora pouco fala da chupeta.

E eu também me acalmei. Aprendi a contornar a situação sem recorrer ao bibi.