Wednesday, June 19, 2013

O que faz toda essa gente?

Como explicar para a Gigi o que a mamãe está acompanhando pela internet e pela televisão?  Por que ela tem que  ficar quietinha enquanto a mamãe observa  tanta gente nas ruas do Brasil?

Como ela ainda é muito novinha, apenas quatro anos, nenhuma explicação faria sentido.  Para evitar mais perguntas, desliguei tudo e fui brincar com a minha pequena.

Mas resolvi  deixar esse momento registrado. Acho que ela vai gostar de ler quando crescer mais um pouquinho.

Gigi,

O Brasil é lindo e tem muita coisa boa.  Você já foi lá e gostou muito.

Mas o Brasil também tem muitos problemas e é por isso, filha, que tem tanta gente na rua. Essas pessoas estão pedindo por um país melhor. Um país que também é seu e eu faço questão que você o conheça bem. Aos poucos, eu te ajudo.

Você mora nos Estados Unidos e por aqui as coisas são um pouco diferente.

Os Estados Unidos carregam a pinta de potência que dita as regras do mundo, inclusive oprimiu o Brasil por muitos anos. E nem por isso o país está livre dos problemas nem dos protestos.

A verdade, filha, é que eu desejo que até chegar a hora de você encarar o mundo já não exista mais tantas coisas ruins por aí. Mas se um dia você se deparar com uma injustiça não se cale.  Junte os amigos e quem você conseguir convencer para gritar e virar o jogo. Isso sempre é possível.

Papai já lutou contra da ditatura no Brasil e venceu. Aliás, foi aquele movimento que proporcionou tanta liberdade de expressão que hoje invade as ruas.

Mamãe não teve tanta ‘sorte’. A minha geração se acostumou com a democracia e se acomodou. Eu só fui encontrar a minha turma quando entrei para a faculdade de jornalismo. Dizem que quem se interessa por essa profissão tem alguma coisa de revolucionário.

Nessa época, o seu pai já era jornalista, sabia? Coisas do destino.

Não sei se você vai ser jornalista, embora tenha nascido no Dia do Jornalista (mais uma coincidência!), mas espero que você carregue os princípios transformadores do bem que tentamos te ensinar.

Um beijo e até lá (o passado do futuro),

Mamãe