Saturday, March 26, 2011

Agora só tem colinho

Gigi está às vésperas de completar dois anos e eu vinha pensando como fazer para “desmamar” a minha bezerrinha. O nosso prazer era tão grande que confesso nunca ter me esforçado para dar um fim ao esse ritual. E nem o discurso de que ela já se alimenta bem ou que quase nem cabe mais no meu colo me convencia. A vida, porém, se encarregou disso.

Uma cirurgia dental simples trouxe uma infecção que só foi controlada com antibiótico. Eu bem que tentei tomar o único analgésico recomendado para quem amamenta, mas a dor me venceu. 

Gigi acompanhou tudo, cuidou de mim e entendeu que a mamãe estava “ai-ai-ai”. Ela ouviu atenta a minha explicação de que o leite da mamãe havia estragado por causa do remédio para o dodói .

Ela compreendeu, mas depois de uma semana ainda pede o mamá e responde a sim mesma: “mamãe, ai-ai-ai, estragou”. A esperteza da minha pequena é bem típica da idade. 

Especialistas afirmam que dois anos é o momento ideal para desmamar porque a criança já consegue entender melhor e está na fase de experimentar novos sabores, alimentos e experiências.

Por outro lado, a criança se sente importante quando está sendo amamentada e esse instante deve ser substituído por outra atividade em que a mãe dedique atenção personalizada. “Na época do desmame ela [a mãe] precisa estar muito presente, mantendo o vínculo e passando confiança ao seu filho porque o que ele realmente quer é proteção”, diz a pediatra Lélia Cardamone Gouvêa, do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Nas manhãs da última semana, por exemplo, eu e Gigi temos experimentado mingau, leite com bolacha, cereal, pão, bolo ou banana. O legal é comer juntas a mesma coisa.

A hora mais crítica é à noite porque eu sempre a amamentava antes de dormir. 

A piscóloga Maria Gandra, entretanto, reforça a observação da pediatra de que a Gigi não quer ser alimentada e sim protegida na hora do sono. Maria enfatiza que o peito significa o porto seguro que a criança reconhece desde que estava na barriga. 

“Ela está familiarizada com o cheiro, a temperatura e os sons, como os da digestão e dos batimentos cardíacos, da mãe. Diante de qualquer desconforto que o pequeno venha sentir, o contato com o corpo da mamãe é o mais capaz de representar acolhimento.”

Enfim, aqui em casa o leite materno acabou, mas o ritual não. Todas as noites eu fico bem coladinha na Gigi até que ela adormeça com a mãozinha em cima do meu coração. 

Sim, meu bebê, mamãe vai sempre protegê-la.

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