Tuesday, January 24, 2023

Ciência: Adolescente tem mais preguiça

Estou até com medo de que você leia esse texto, mas é ciência de verdade. Descobri que os adolescentes, em geral, sentem mais preguiça do que as pessoas de outras faixas etárias.

A psicóloga Mônica Geraldi Valentim, doutora em pediatria pela Faculdade de Medicina da Unesp (Universidade Estadual Paulista), fez um estudo sobre isso.

Ela explica que as transformações pelas quais o corpo passa durante a adolescência causam um consumo energético grande, que estaria por trás dessa inércia. “Teoricamente, os adolescentes precisariam dormir um pouco mais".

Segundo a psicóloga, existem também evidências de que os adolescentes sofrem um atraso no início de secreção da melatonina, o hormônio envolvido na indução do sono e há de se considerar ainda a condição física ou mental. 

Entre as causas patológicas, algumas alterações orgânicas, como anemia por carência de ferro e hipotireoidismo (deficiência do hormônio da tireoide), também podem provocar apatia e falta de vontade de desempenhar as atividades diárias.

Mas e como justificar a preguiça seletiva? Cerca de 62% dos jovens ouvidos pela psicóloga declararam ter preguiça de fazer as tarefas domésticas; contudo, mais de 70% assumiram que jamais têm preguiça de namorar ou de sair com os amigos.

Sim, tem explicação até para isso.  Primeiro é a fuga das atividades consideradas chatas. Depois “é preciso preservar energia para atender às demandas de crescimento e aquisição de conhecimentos e aptidões necessários para a futura formação de pares reprodutivos”.

E as respostas não param por aí. 

Danielle Herszenhorn Admoni, especialista em saúde mental da infância e adolescência do Departamento de Psiquiatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), afirma que a preguiça também pode fazer parte da atitude de questionamento dos adolescentes diante dos adultos.

“Eles se dão o direito de não fazer determinadas atividades, que os adultos só fazem por se sentirem obrigados socialmente”, observa Danielle. Ou seja, diante de um quarto bagunçado que deixaria qualquer adulto envergonhado, o jovem simplesmente afirma: “Está bom para mim”.

E isso pode causar e causa conflito. 

Afinal de contas, todos temos que assumir responsabilidades. Não dá para viver com montanhas de roupas sujas pelo quarto nem andar pulando o coco do cachorro pela casa.  

Por isso, o que os especialistas dizem, e eu concordo, é que o jovem precisa ser estimulado a ter disciplina em sua rotina e contar com horários regulares para todas as atividades diárias, incluindo as horas de sono, as refeições e a prática de esportes.

Anotou? Então vamos colocar em prática porque eu também tenho que me render ao ócio de vez em quando.


Monday, January 9, 2023

Do Blog para o Rádio

Hoje nosso blog inicia uma nova jornada, Gigi. Vamos nos transformar em um bloco de programa de rádio. 

Agora vou poder dividir as nossas histórias com os ouvintes na Manchete USA. Estou muito ansiosa e orgulhosa. 

Se no começo você torcia o nariz, agora, assim como eu, acha divertido que os nossos momentos cheguem a mais gente.   

Eu adoro escrever sobre nós porque a memória capricha nos detalhes. Consigo visualizar as cenas e repetir os diálogos. É como reviver cada momento. 

E parece que quanto mais tempo passa, mais gostoso fica de lembrar. Será que isso só acontece comigo? 

Só sei que aqui no meu ouvido tem um anjo soprando: Do rádio para um livro, vai ser um pulinho.


Tuesday, January 3, 2023

Um ano de recomeço

Ano novo, página nova. Literalmente. 

Na noite de 31 lá veio você com um caderno para definirmos os objetivos para 2023. 

Os seus já estavam prontos. Não chegam a dez, mas são ambiciosos. 

Gostei de todos e acho que alguns vão me fazer ter mais calma. Lembre-se que escreveu: mantain clean room e do well in school. 

A minha lista preenchi com dez goals com a intenção de realizar todos. 

O seu pai já foi mais longe. Se ele alcançar todos, vai ser o melhor ano do século. 

O interessante é que nós três traçamos muitos pontos em comum, sem combinar. Na minha teoria,  probabilidade de acontecer aumenta afinal vamos buscar juntos.

Por outro lado, nada de ansiedade, Gigi. Olha só o que a terapeuta Monika Libório Walker me disse: "A lista de objetivos é uma orientação. Seguir à risca pode provocar ansiedade e desesperança quando as coisas não acontecem".

Então respira fundo e embarca nesse recomeço.

Wednesday, December 28, 2022

A mãe mais linda da Gigi

Eu não sou muito fã de redes sociais, mas adoro as memórias que elas guardam.

Hoje o Facebook me lembrou da sua declaração de amor há 9 anos. Eu sempre me sinto linda ao seu lado porque é assim que você me vê.

No Natal, amei os seus presentes. Até creme antiestresse eu ganhei. 

E eu sei que você continua me achando a mais bela de todas as mães, só quer dar uma forcinha.

Adoro que você escolha as minhas roupas e me encho de orgulho quando pede para eu pentear meus cabelos. 

Finjo irritação, mas é bom saber que você se importa comigo. Quer me ver bem. 

Ah, e outro dia você disse que era feia porque alguém comentou que quando os pais são bonitos o filho nasce feio. Bobagem! Você tem o melhor de nós. 

Tuesday, December 13, 2022

Uma mãe grisalha

Esse ano tomei uma decisão que você não gostou muito. Pelo menos, a princípio. 

Sou grisalha e resolvi assumir os cabelos brancos. 

Cansei de ser escrava da tinta. Não tenho paciência para demorar no salão. 

E sempre era um desastre quando eu mesma pintava. Coloria toda a minha testa e o cabelo que era bom ficava manchado e com fios brancos. 

Há algumas semanas consegui marcar com o nosso cabeleireiro preferido. Optei por um corte curto, daqueles que você sempre está pronta. 

Com os cabelos compridos, eu não ia conseguir manter a minha escolha. Me sentia feia. 

Agora estou bonitona. Não me sinto mais velha. 

Ah, e outro dia você disse que me acha chique, mesmo de calça jeans e camiseta, sem maquiagem ou adereços. Eu aceito o elogio. 


Wednesday, November 30, 2022

O palco é o seu lugar

Ainda estou me recuperando da emoção de sexta-feira. 

Antes do espetáculo, fiquei nervosa porque você estava nervosa. Sentia medo de esquecer as falas. Era a sua primeira atuação. 

Durante a peça suei frio. E se te desse um branco? Tropeçasse? Ou até caísse?

De repente o nervosismo foi passando e senti um orgulho danado.  Brotou aquele sorriso que seu pediatra sempre observava. “Lá vem a mãe sorriso”, dizia o Dr. Osler. 

Ah, mas se aquele médico visse você na pele de Leo. Sim, personagem masculino. Porque desafio bom tem que ser daqueles de provocar arrepio. 

Eu estava em gargalhadas. Bobona mesmo. 

Você foi muito bem. Lembrou de cada palavra. Interpretou com genuinidade. 

Acho que a sua timidez não será capaz de te tirá-la do palco. Você combina com ele. 

Na hora, lembrei das reclamações de acordar cedo aos sábados para ensaiar. Os aborrecimentos. A vontade de desistir. Valeu a pena insistir. 

Você é estrela. A mesma dos palcos de balé de quando era pequenininha. Não gostava das aulas. Detestava. Mas fazia tudo certinho e rebolava como ninguém, sangue brasileiro. 

O palco te faz feliz e acho que agora encontrou o caminho para chegar lá. 

Eu fico te aplaudindo daqui.


Wednesday, November 23, 2022

Sim, sou insuportável

Outro dia uma colega compartilhou em uma rede social o texto abaixo e super me identifiquei. Acho que somos muitas assim.  Insuportáveis. Não porque queremos, mas porque não vemos saída. Temos que fazer para acontecer.

Eu espero, filha, que quando for adulta as coisas já tenham finalmente mudado e  você não fique insuportável como eu. E mesmo que ainda tudo seja igual, tente ser diferente. 

Não há ser humano na face da terra que aguente o tranco de organizar a casa, fazer o almoço, janta, compras, cuidar do filho, pano na casa, lavar banheiro, colocar roupa na máquina, estender, guardar, ter o home office em dia, se virar nos 30, se revirar, sem que a saúde mental, física, emocional sejam comprometidas.

Geralmente chegamos ao final do dia com sensação de fracasso, de que deveríamos ter mais braços, ser de aço.

Chegamos ao final do dia em débito. Especialmente com nós mesmas.

Algo público e notório é que as mães sempre se deixarão por último.

Ao invés de se aproveitar dessa vulnerabilidade emocional das mães, observe. Não é à toa que vem tensão, sobrepeso, dores musculares, doença. Auto cuidado em declínio da nisso.

E a conta chega.

Nos tornamos insuportáveis.

Chorosas, estressadas, sem paciência, sobrecarregadas, doentes.

Tem dias que dói na alma sentir que somos impotentes, insuficientes, que não estamos dando conta de tudo.

Mal sabemos que nos cobramos o sobre-humano. Que na verdade, não é que não damos conta. É que não tem como dar conta.

Muitas de nós seguimos tentando o impossível.

A interminável sensação de ter o que fazer e estar devendo algo são insuportáveis. Nos sufoca. E o que muitos não sacam é que não  é sobre “impotência”, é sobrecarga.

É o que alguns dizem por aí ter transformado mulheres lindas e maravilhosas em pessoas insuportáveis. Cobrando mais ao invés de ajudar e de perceber esse pedido de ajuda deslocado.

Exaustão, pessoal. Esse é o diagnóstico.

É a consequência de aceitar fardos. De fazer mais do que pode, consegue, suporta.

Esse é o mundo das mulheres insuportáveis. Um mundo sem rede de apoio. De não saber dizer “não”.

Exaustão pode virar depressão, estafa, doença física.

É preciso cuidado com as mulheres “insuportáveis”. Elas podem estar por “um fio”, implorando por um braço estendido disposto a ajudar.

Observem.

Ajudem.

Cooperem.

Enxerguem-as.

Texto: Julieta Franco, autora do livro O PODER DO APEGO (www.opoderdoapego.com)