Wednesday, February 8, 2017

Quando ela pede um sutiã

“Eu posso ter um sutiã?” Quase caí do sofá com a pergunta da Gigi.

De frente ao meu espanto, a minha menininha, que ainda nem completou 8 anos, continou com um sorriso atravessado: “Minhas amigas já usam”.

É verdade que meninas dessa idade já precisam ou desejam usar sutiã.

A peça tem como função melhorar o suporte e impedir que a mama seja enxergada. Logo, seu uso se faz necessário normalmente dos 8,5 aos 10,5 anos, o que significa cerca de 1,5 ano antes da primeira menstruação.

Segundo especialistas, se uma menina mais nova sente a obrigação de usar a peça sem o aparecimento da mama pode significar pode ser que ela esteja indicando um desejo de parecer mais velha, mais bonita e se comparar à mãe.

No caso da Gigi, acho que a iniciativa partiu da vontade de ficar igual às amigas.

Por outro lado, a criança pode estar passando por um conflito de querer esconder seu corpo para não atrair olhares, por exemplo. A escolha pode ainda pode estar relacionada às pressões sociais e até religiosas do meio em que a criança está inserida.

Nesse sentido, o mundo da moda aparece como vilão. Na Inglaterra, por exemplo, uma loja foi intensamente criticada por vender sutiãs com bojo para meninas a partir de 8 anos. Os modelos são projetados para dar a aparência de seios desenvolvidos para meninas pré-adolescentes e vendem como água.

É Gigi, ainda vamos conversar mais sobre isso e se o desejo permanecer... compramos um para experimentar. Por que não?

Afinal, pediatras afirmam que o uso do sutiã não causa uma alteração no desenvolvimento do corpo desde que o adulto fique atento para que a brincadeira não antecipe conflitos da adolescência nem traga sensação de que o uso da peça é obrigatório.

Mas sem bojo e sem pressão.

Saturday, January 14, 2017

Papai Noel existe até quando puder


Gigi está prestes a completar 8 anos e passamos mais um Natal de muita magia.

Mas quando é a hora certa de contar que Papai Noel é uma figura ilustre da nossa imaginação? Não sei e não quero saber. Se procuro ler muito de tudo, sobre esse assunto prefiro seguir apenas a minha intuição.

Acho lindo ver a expectativa da Gigi. Antes de dormir na véspera de Natal, ela deixa o leite e o biscoito perto da árvore de Natal. Afinal, o bom velhinho roda o mundo em tempo recorde para entregar presentes para o maior número (im)possível de crianças.

E a surpresa em encontrar o presente embaixo da árvore é indescritível.

Esse ano foi um pouco diferente, mas tão mágico quanto os outros. Num descuido, Papai Noel deixou o presente na varanda antes dela ir para a cama. Que susto! Não deu tempo da Gigi vê-lo, mas ele bebeu toda a Coca-Cola (sim esse ano foi Coca-cola), comeu cookies e escondeu o presente, o que levou a minha menina ao desespero: “Achei que eu tinha sido ruim”.

Ela chegou a “ver” o nariz vermelho do Rodolfo, a mais famosa rena do Papai Noel. E as lágrimas... ah, essa emoção não tem preço.

Mas e aqueles que falam demais?


Nem a mais poderosa das super mães consegue proteger os filhos dos inconvenietes. Quando Gigi tinha três anos, por exemplo, fomos passar o dia de Natal na casa de uma vizinha. Ainda na porta, a dona da casa veio nos receber dizendo que o filho tinha descoberto que Papai Noel não existe. E Gigi bem ali, do meu lado, arregalou os olhos.

Na hora pensei: "Será que ela acha que Gigi é surda?".

Tentei desconversar, mas o menino também veio contar a novidade e acho que o meu olhar conseguiu mandar o recado. Ele saiu de fininho.

Ao chegar em casa, ela finalmente fez a pergunta que a pertubou durante o dia todo: “Papai Noel não existe?”

Não sei como, mas a resposta veio instantaneamente: “Existe sim. Isaac falou aquilo porque ele não foi um bom menino e Papai Noel não trouxe presente. Esse ano os pais dele precisaram comprar.”

Não foi dessa vez que a magia acabou.

Mas três anos depois o irmão mais velho, já adolescente, decidiu que estava na hora dela crescer e insistiu em dizer que o bom velhinho não é real.

“Sim, Gigi, Papai Noel existe”, rebato. “Mas quando a criança completa 13 anos para de receber presente do Polo Norte. Há muitos bebês nascendo todos os dias e Papai Noel tem que colocar um limite. Depois disso, muitos passam a “desacretidar". Ah, e se a criança “desacredita” o Papai Noel vai deixando de existir, lembra?", indaguei. Nós tínhamos assistido isso num filme.

Na escola, esse papo também já existe e Gigi descobriu que para as crianças que não acreditam ganham presentes dos pais. Ponto.

Com o tempo

“Se eu acredito? Claro que a mamãe acredita. Papai Noel existe e fica no mundo da imaginação e só quem sabe imaginar pode receber a visita do bom velhinho.”

Com o tempo Gigi vai tirar as suas conclusões. Esse ano, por exemplo, ela já definiu que Papai Noel de shopping não é real. São representantes do bom velhinho porque o verdadeiro está muito ocupado lá no Polo Norte. E com um detalhe, segundo Gigi: “Você já reparou que eles [aqueles do shopping] são diferentes uns dos outros?”

Ah, Gigi, também acho. Mas o tempo vai responder a muitas perguntas. A única certeza de que nunca vamos duvidar é que o Natal é o aniversário de Jesus. Amém