Monday, March 31, 2014

Gigi começa a escrever a sua história

A vontade de aprender da Gigi é contagiante. Na ânsia de querer escrever e ler, ela improvisa. No alfabeto, ela troca as letras. Escreve outras de forma invertida e mescla o português com o inglês.

Uma confusão que traz a cada descoberta uma festa e desperta ainda mais o desejo de descobrir o que sifnifica "aquela fila de letras".

No início da pré-escola – equivalente ao jardim da infância do Brasil - ela escrevia Gigi. Tanto que nos primeiros dias de aula foi assim que ela escreveu o nome quando a professora pediu. Depois de seis meses, ela já traça nome e sobrenome: Giovana De Moraes.

Gigi também escreve o nome do pai, o meu e sabe as iniciais de pessoas mais queridas.

A pequena aprendiz insiste que eu soletre as palavras que ela quer escrever. A última foi amor, assim mesmo, em português, ainda que esteja sendo alfabetizada em inglês.

Eu me encanto e me assusto. Afinal, Gigi nem completou 5 anos e já forma palavras aletoriamente, escrevendo a sua própria história. Tenho uma vaga memória de que eu comecei essa aventura aos 6 anos.

Mas a surpresa não é apenas minha. Ao ler um artigo do pedagogo Marcelo Cunha Bueno, percebi que minha filha não é precoce, ela faz parte de uma geração.

A pressa é um sintoma dos tempos modernos onde a alfabetização começa já aos 3 anos. Entretanto, salienta o especialista, a iniciação antecipada não significa que a criança vai ser mais inteligente.

Nesse sentido, apenas deve-se respeitar o ritmo e as particularidades de cada criança.

Para os pais, Bueno avisa que não é necessária qualquer intervenção sistematizada e escolarizada em casa.

A nós cabe simplesmente o dever de incentivar essa vontade de desbravar o mundo das letras. A boa e velha leitura antes de dormir, por exemplo, aparece como um ótimo aliado.

Além disso, o importante é improvisar e ver em cada momento uma chance de ensinar e aprender. O outdoor durante o trânsito engarrafado pode trazer várias letras conhecidas. Com a Gigi dá certo.

E na curiosidade de aprender a ler e a escrever a lista de compras se transforma numa aula. Enquanto eu escrevo o que a gente precisa, Gigi faz a sua própria “relação de faltas”. Por enquanto, ela fica apenas nas iniciais dos produtos e o mais interessante é que pela primeira letra ela consegue lembrar do que precisamos levar para casa.

Essas 'brincadeiras' – avisa o professor Bueno – também devem respeitar as fases do processo e aprendizado em que as crianças começam a escrever com letras de forma maiúsculas, depois, passam a ler livros com letras de imprensa, até chegarem à letra cursiva.

Lembre-se que tudo acontece ao seu tempo e que cada criança segue um compasso diferente.